Livre quer combate às alterações climáticas na Constituição e voto aos 16 anos
Constituição
14 de nov. de 2022, 18:59
— Lusa/AO Online
No
projeto de revisão constitucional apresentado pelo Livre, que deu
entrada na Assembleia da República na passada sexta-feira, o partido
pretende incluir “expressamente na Constituição o combate às alterações
climáticas como uma tarefa fundamental do Estado”, propondo precisamente
uma alteração ao artigo nove da Constituição com esse intuito. Destacando
que algumas das propostas do seu projeto visam “salvar o planeta”, o
Livre defende também uma atualização do artigo 66 da lei fundamental,
que passaria a ser sobre o “Ambiente, qualidade de vida e alterações
climáticas”, em vez de “Ambiente e qualidade de vida”, como figura
atualmente.Entre as alterações ao artigo
em questão, o projeto do Livre estipula que o Estado passaria a ter a
incumbência de “desenvolver e implementar ações de prevenção, adaptação e
mitigação dos riscos e dos efeitos da crise ecológica e da emergência
climática”.O Estado teria ainda de
“promover o diálogo, a cooperação e a solidariedade internacional para a
adaptação, mitigação e o combate à crise ecológica, à emergência
climática e à proteção da natureza, da biodiversidade e da
geodiversidade”, lê-se no projeto do partido.Entre
as propostas de alteração à Constituição apresentadas pelo Livre,
consta também a redução da idade legal mínima para votar para os 16
anos, uma medida que também já foi avançada pelo PSD no seu projeto de
revisão constitucional. Segundo a
exposição de motivos que consta no projeto do Livre, esta medida visa
“salvaguardar o regime democrático, aprofundando direitos de
participação política”. No mesmo âmbito, o
Livre propõe também uma alteração ao artigo 115.º da Constituição,
sobre referendos, para que qualquer eleitor recenseado possa votar nesse
tipo de sufrágios, contrariamente ao articulado atual, que determina
que esse direito é reservado para “cidadãos eleitores recenseados no
território nacional”. À semelhança do
projeto de revisão constitucional do PCP, o Livre sugere também a
criação de um novo artigo da Constituição, que determinaria o direito de
todos “ao acesso equitativo à água potável e segura” e a “saneamento e
higiene adequados”.No projeto de revisão
constitucional do Livre constam também outras propostas que já tinham
sido avançadas pelo partido à agência Lusa na semana passada,
designadamente a criação de um círculo nacional de compensação e a
eliminação da idade mínima de 35 anos, bem como a necessidade de origem
portuguesa, para candidaturas presidenciais.O
partido representado no parlamento pelo deputado único propõe ainda que
os membros do Governo, à exceção do primeiro-ministro, tomem posse
apenas após “audição e confirmação pela Assembleia da República”. No
artigo 13, relativo à igualdade, o Livre quer adicionar que nenhum
cidadão pode ser “privilegiado, beneficiado, prejudicado, privado de
qualquer direito ou isento de qualquer dever” em razão da sua
“identidade de género, expressão de género, características sexuais,
idade, condição de saúde, deficiência ou incapacidade”, além das
condições já constantes deste artigo. O
Livre pretende ainda que a Constituição integre explicitamente que “os
preceitos constitucionais e legais relativos aos direitos fundamentais
devem ser interpretados e integrados de harmonia com a Declaração
Universal dos Direitos Humanos e a Carta dos Direitos Fundamentais da
União Europeia” ao invés da “Declaração Universal dos Direitos do
Homem”, como atualmente consta do artigo 16.º.Rui
Tavares afirmou que o partido quer incluir também na Lei Fundamental “o
direito a uma internet que seja de acesso geral, que preserve a
proteção de dados dos cidadãos e que não tenha discriminações de nenhuma
parte” bem como o reconhecimento do “direito à alimentação e à nutrição
adequadas e que o Estado tenha políticas públicas para responder a essa
necessidade”. Já no artigo 80.º, o Livre
sugere que “a organização económico-social” do país assente num
princípio novo: “Reaproveitamento, redução e tratamento adequado dos
resíduos produzidos e dos materiais utilizados, garantindo o direito de
reparação e um sistema económico circular”.