Livre defende que Governo e PS têm que parar com “inebriamento com maioria absoluta”
Governo
29 de dez. de 2022, 13:04
— Lusa/AO Online
“O Governo e o PS
têm que parar com o seu inebriamento com a maioria absoluta e perceber
que a única maneira de um Governo de maioria absoluta ser respeitado nos
tempos que correm é governar como se não tivessem maioria absoluta”,
defendeu. Em declarações à Lusa, o
deputado único do partido na Assembleia da República, Rui Tavares,
classificou ainda a moção de censura ao Governo anunciada hoje pela
Iniciativa Liberal como “um mero gesto político inconsequente”.“É
natural que isto aconteça, mas verdadeiramente significa estar à altura
do acontecimento dizer que as pessoas devem ir votar quando ainda não
passou um ano desde que votaram? E sem ter uma alternativa para propor? A
IL quer a queda do Governo e quer governar com quem?”, questionou Rui
Tavares. Para o deputado e historiador,
“uma moção de censura é um instrumento sério para ser utilizado de forma
séria e implica ter uma alternativa de governação”. “Portanto,
a IL quer ir para o Governo com o PS? A IL quer fazer um Governo com
que maioria? Quer ir para eleições e se for, com as sondagens que temos à
nossa frente, a IL quer fazer parte de um Governo em que vai estar
abaixo do Chega na hierarquia? Portanto, é um mero gesto político
inconsequente”, defendeu. Na opinião do
dirigente do Livre, “ou um partido tem noção quando for defender a sua
moção de censura no hemiciclo do caminho que quer propor ao país” ou
então “a moção de censura é uma mera figura de estilo e uma mera figura
de retórica”. “Mas isso aí, infelizmente, é
aquilo a que a IL nos tem habituado e ainda agora num quadro de disputa
interna de liderança tentam sempre aparecer a fazer coisas, mesmo que
essas coisas não tenham sido bem refletidas”, atirou. Quanto
à saída do ministro das Infraestruturas e Habitação, Pedro Nuno Santos,
e à atual crise no Governo, o deputado único considera que “2023 vai
ter que ser mesmo um ‘ano novo, vida nova’ em termos de exigência, em
termos de transparência, diálogo e abertura com outras forças
partidárias e em termos de modernização de procedimentos políticos”. Quanto
a este último ponto, o deputado insistiu numa proposta que consta do
programa político do Livre de ouvir os governantes em audições no
parlamento antes de tomarem posse, à semelhança do que acontece “com os
comissários europeus e o parlamento europeu” mas não só.“Como
é possível que não haja em Portugal um sistema que passa por um simples
questionário a qualquer novo governante em que seja perguntado se tem
ou teve litígios com o Estado, ou com empresas públicas, se recebeu
indemnizações ou se tem a receber indemnizações, se acumulava fontes de
rendimento e quais, que é uma coisa que em qualquer lugar se faz”,
questionou.No plano da governação,
continuou, “é preciso que, se o primeiro-ministro diz que este mandato é
para quatro anos, então que de facto ele assuma um diálogo com o
próprio país no quadro desse mandato e que seja visto a fazer
coordenação política de uma forma muito mais eficaz e atempada,
prevenindo problemas e não indo só depois reagir quando os problemas já
se avolumaram”.