Livre antecipa que sem mudança de estratégia não votará a favor
OE2023
10 de out. de 2022, 17:33
— Lusa/AO Online
“Evidentemente,
com estratégias diferentes, isso não permite um voto favorável à
partida, a não ser que a estratégia fosse muito alterada”, afirmou Rui
Tavares, em declarações aos jornalistas, em reação ao Orçamento do
Estado para 2023 (OE2023) que foi hoje entregue no parlamento. Questionado
sobre se já tem uma posição fechada quanto à votação do documento na
generalidade, Tavares apontou para a diferença de estratégias entre o
Governo e o Livre. “Creio que, quando há
duas estratégias diferentes, e o ano passado também houve duas
estratégias diferentes, dificilmente o voto seria a favor. Evidentemente
que a discussão deve ser feita no parlamento”, respondeu. O deputado salientou também que está consciente que o PS tem maioria absoluta na Assembleia da República. “E
a não ser que [o PS] rapidamente veja que é preciso outra amplitude nos
apoios às pessoas e à economia, eu creio que este desencontro de
estratégias será difícil de sanar”, acrescentou. Na
opinião do Livre, no contexto atual, “o Governo tem de fazer políticas
públicas inovadoras que ajudem as pessoas a poupar, que sejam
anti-inflacionárias, que sejam anticíclicas e não pró cíclicas”.“Em
termos de estratégia, o Livre tem uma estratégia diferente, seria uma
estratégia de apoio em primeiro lugar às pessoas, que é também de
responsabilidade orçamental”, advogou.Tavares
sublinhou que “responsabilidade orçamental e responsabilidade social
não são a mesma coisa que consolidação orçamental, bem pelo contrário”. O
deputado insistiu que, depois de no OE2022 ter visto algumas das suas
medidas aprovadas pelo PS, o partido vai ser "mais ambicioso" este ano e
está disponível para "discutir mais e em mais setores"."O
Governo, na verdade, pouco tempo depois do OE 2022 ter entrado em
execução, apresentou um pactote de ajuda que foi na prática um orçamento
retificativo, este ano não precisariam de fazer isso. Eu não sei se não
é isso que o Governo está a tentar fazer, ou seja, segurando o seu
jogo, ver de que forma é que a inflação vai evoluir e lá mais para meio
do ano apresentar um outro pacote que seria uma espécie de novo
orçamento retificativo", referiu.Para o
Livre, "essa estratégia não só não fala claro, como não é a correta: o
que é correto é neste momento agir preventivamente contra o aumento do
custo de vida, é agora que as pessoas estão a sofrer, é agora que a
economia precisa de ser ajudada". O deputado recuou ainda aos tempos da governação PSD/CDS para deixar um recado ao PS. "Eu
lembro-me daquilo que dizia em 2011 e 2012 quando a consolidação
orçamental feita no momento errado gerou uma espiral rececionária. O PS
dizia o mesmo, mas se calhar o PS já não se lembra do que dizia em 2011 e
em 2012", atirou.Tavares argumenta que
dez anos depois a Europa volta a estar num momento crítico, "no qual é
natural que um orçamento tenha precauções em relação ao défice e à
dívida, mas que saiba investir bem naquilo que pode ajudar as pessoas a
gastar menos".