Livre acusa Governo de não ter dado “nenhum passo” em termos de “políticas substanciais”
OE2025
10 de set. de 2024, 15:34
— Lusa/AO Online
“Do
ponto de vista das políticas substanciais não há nenhuma novidade da
parte do Governo. O Governo não deu nenhum passo suplementar, em relação
a julho, a propostas do Livre”, criticou Rui Tavares, em declarações
aos jornalistas no parlamento, após ter participado numa reunião sobre o
Orçamento do Estado com os ministros de Estado e das Finanças, Joaquim
Miranda Sarmento, da Presidência, António Leitão Amaro, e dos Assuntos
Parlamentares, Pedro Duarte.Rui Tavares
recordou que o Governo “está a 30 e tal deputados de aprovar o
Orçamento” e, portanto, “terá de os procurar nas negociações com os
partidos que tenham esse número” de representantes no parlamento.“Aparentemente,
a disponibilidade para avançar em medidas sociais, ecológicas, de
inovação da economia portuguesa - que implicam o investimento público
que Portugal não tem feito estes anos todos - não está lá”, afirmou. Rui
Tavares afirmou que o Governo acha que “dando de mão beijada as
receitas do IRC e do IRS Jovem vai ter o crescimento necessário para que
as contas batam certo”, salientando que o Livre concorda que haja
contas certas, mas discorda que as políticas públicas se foquem “nos que
já são mais beneficiados”.Questionado
assim se o Governo não deu mostras de estar pronto para negociar as suas
propostas do IRS Jovem e do IRC, conforme é exigido pelo PS, o
porta-voz do Livre respondeu: “Não, de todo”.“O
Governo creio que continua com esta ideia de que, porque o programa do
Governo não foi rejeitado na Assembleia da República - ou seja, lá
porque não fomos a correr para uma crise política depois de umas
eleições - isso significa que as propostas que tem, que não granjeiam
uma maioria no parlamento, não podem ser desvirtuadas”, disse. Para
Rui Tavares, essa postura do Governo só pode dar “um de dois cenários:
ou o Governo consegue um acordo orçamental com um parceiro que tenha os
deputados que lhe fazem falta e, nesse acordo orçamental, tem de aprovar
medidas desse parceiro orçamental e rejeitar as medidas dos outros.“Ou,
caso não tenhamos esse cenário, vamos para um cenário em que a
discussão do Orçamento na especialidade é muito mais aberta e em que o
Orçamento que sai deste parlamento numa votação final global é um
documento muito diferente do que estará a ser entregue pelo Governo como
proposta de Orçamento”, disse.Nestas
declarações aos jornalistas, Rui Tavares confirmou que, segundo o
cenário macroeconómico transmitido aos partidos pelo Governo, o
crescimento deverá ficar em torno dos 2%, haverá um “superávite moderado
de 0,2% ou 0,3%” e a dívida pública vai descer.Rui
Tavares acrescentou que, se a dívida pública continuar a descer
sustentadamente, significa que, “com as novas regras do euro, Portugal
muito provavelmente estará abaixo dos 90% da dívida pública em
percentagem do Produto Interno Bruto (PIB) ainda durante este mandato,
se a legislatura durar os quatro anos”.