Livraria Lello no Porto em vias de ser classificada como monumento nacional
5 de jan. de 2022, 11:38
— Lusa/AO Online
De
acordo com a publicação em DR, o diretor-geral do Património Cultural,
João Carlos dos Santos, refere ser intenção da DGPC propor à tutela a
reclassificação da Lello “como monumento de interesse nacional,
sendo-lhe atribuída a designação de ‘monumento nacional’”. A Lello está classificada como monumento de interesse público desde 20 de setembro de 2013.No anúncio, o responsável acrescenta que a consulta pública tem a duração de 30 dias úteis. A
intenção de reclassificar a livraria surge na sequência de um parecer
da Secção do Património Arquitetónico e Arqueológico do Conselho
Nacional de Cultura, que mereceu a concordância do diretor da DGPC.A
Lello, situada no Centro Histórico do Porto, nas imediações da Torre
dos Clérigos, apresenta-se como "um dos mais importantes edifícios da
arquitetura eclética portuguesa, integrando marcenarias e vitrais sem
paralelo no país”, sendo “um ‘ex-líbris’ da cidade”, refere a DGPC na
sua página da Internet.“Ao seu valor
arquitetónico e artístico acresce a importância cultural que tem
assumido de forma contínua ao longo do tempo, bem como o seu excelente
estado de conservação, a autenticidade e exemplaridade da estrutura e da
decoração, e a merecida fama internacional de que desfruta”, acrescenta
a DGPC.Inaugurado em 1906, o
estabelecimento “alberga no seu edifício monumental uma das mais antigas
e prestigiadas editoras nacionais”, lê-se na nota histórico-artística
da livraria.O edifício foi concebido
segundo projeto do engenheiro Xavier Esteves, sendo que “a fachada
neogótica é rasgada, no piso térreo, por um arco Tudor de grandes
dimensões, abrangendo a porta central e as montras laterais, e sobre o
qual corre a legenda Lello e Irmão”. “No
registo superior destaca-se uma grande janela tripla, flanqueada por
duas figuras representando a Arte e a Ciência, sendo o conjunto da
fachada pontuado por decoração vegetalista e geométrica de cariz
medievalista, platibandas rendilhadas e pináculos enquadrando um remate
em arco conopial”. Já no interior, “os
arcos em ogiva apoiam-se em pilares esculpidos com bustos de escritores
como Antero de Quental, Eça de Queiroz, Camilo Castelo Branco, Teófilo
Braga, Tomás Ribeiro e Guerra Junqueiro, sob baldaquinos rendilhados”.“O
amplo vitral revivalista com a divisa da casa, Decus in Labore
(Dignidade no Trabalho), da claraboia, os esplêndidos tetos em estuque
dourado e o magnífico trabalho de marcenaria, bem representado pelo
corrimão em madeira da imponente escadaria, constituem os elementos
decorativos mais emblemáticos da livraria”, descreve ainda a DGPC.