Lisboa celebra "Abril em Flor" com "canções de esperança e de resistência à ditadura"
24 de abr. de 2023, 07:14
— Lusa/AO Online
A
eles juntam-se as Cantadeiras e Cantadores do Redondo, assim como
Aldina Duarte, Capicua, Carlão e Tim, que vão dizer poemas de Manuel
Alegre, Sophia de Mello Breyner Andresen, Jonas Negalha e Ruy Belo,
projetados em vídeo em redor no palco da Praça do Comércio, segundo o
programa divulgado pela Câmara de Lisboa.Durante
o espetáculo, com início marcado para as 22:00, o autor de banda
desenhada, ilustrador e cenógrafo António Jorge Gonçalves irá criar, a
partir de fotografias, um universo em desenho ao vivo a projetar no
palco, que terá acompanhamento musical de Sérgio Costa, Rui Alves,
Carlos Salomé, Paulo Jorge e Guilherme Duque, sob a direção de Tomás
Pimentel.Hoje e terça-feira, na Biblioteca
de Marvila, o Teatro do Vestido apresenta “Revolution Junkies –
Estrangeiros na Revolução Portuguesa”, a partir das 21:00, uma criação,
com direção e texto de Joana Craveiro.“Revolution
Junkies” fala sobre a atração que a Revolução de Abril exerceu sobre
cidadãos de diferentes países, quer pelas suas convicções, quer pelo
caráter inédito que mobilizou a imprensa internacional: um caráter que,
quatro décadas mais tarde, nos 40 anos do 25 de Abril, levou a
reportagem da NBC News a falar no "golpe mais ‘fixe’ do mundo" (“The
world’s coolest coup").O Museu do Aljube
fica de portas abertas na terça-feira, quando passam 49 anos sobre a
queda da ditadura, sendo possível visitar exposições temporárias, como
“A artista saiu à rua”, com fotografias de Ana Hatherly da época, e “O
povo está na rua – Praças e Paços das Revoluções”, no vizinho Teatro
Romano de Lisboa.“Sinais da Liberdade –
Iconografia da Democracia no Arquivo Ephemera”, exposição que reúne
imagens e objetos produzidos após o 25 de Abril de 1974, patente até 28
de maio, também está aberta no edifício do Antigo Tribunal da Boa Hora,
com material iconográfico selecionado a partir do Arquivo Ephemera de
José Pacheco Pereira.Ao todo, as Festas de
Abril em Lisboa, uma iniciativa da empresa municipal de Gestão de
Equipamentos e Animação Cultural (EGEAC), reúnem cerca de meia centena
de atividades, nos diferentes equipamentos municipais, com passagem
também pelas redes sociais da câmara, entre espetáculos de música,
exposições, teatro, cinema, conversas e leituras, entre outras propostas
culturais.No âmbito do Festival 2504, a
decorrer até terça-feira, numa coprodução da Comissão Comemorativa dos
50 anos do 25 de Abril com a Junta de Freguesia de Benfica, decorre a
iniciativa “#NãoPodias”, que "apela aos mais jovens para que não deem a
liberdade por adquirida, desafiando-os a escolherem uma de várias
proibições impostas aos portugueses durante a ditadura [1926-1974] e de
partilharem essa informação e as suas reflexões nas plataformas
digitais”.Esta ação tem hoje a última
conversa, sob o tema "#NãoPodias Ser Europeu", com moderação do
jornalista João Francisco Gomes, com início marcado para as 18:30, num
ciclo de encontros em que se falou igualmente sobre a impossibilidade de
votar ("#NãoPodias Votar"), nem falar livremente ("#NãoPodias
Expressar-te").A última conversa deste
ciclo acontece exatamente 49 anos depois do último dia da ditadura, na
véspera do 25 de Abril de 1974, na véspera desse dia em a censura
acabou, a polícia política conheceu o seu fim e se abriu o caminho para
que todos pudessem votar, expressar-se, discordar, reunir-se e viajar
livremente, como mostra a página da iniciativa, o caminho para que todos
pudessem ter acesso ao ensino, à saúde e à segurança social, para que
todos pudessem escolher os seus autarcas e ter acesso a água, luz,
saneamento, e para que Portugal pudesse abandonar o estigma de um país
"orgulhosamente só", afirmado pelo ditador Oliveira Salazar, para
assumir o seu lugar na comunidade da Europa democrática, da atual União
Europeia, saída da II Guerra Mundial. A
participação na iniciativa "#Não Podias" - ou a consulta do que era
proibido - pode ser feita a partir de
https://www.50anos25abril.pt/nao-podias. Livremente. "Há 50 anos '#não
podias' estar a ler este texto", lê-se na página de abertura. "Teria
sido censurado."