Liga quer inquérito a acidente com bombeiros feito por comissão independente
6 de jan. de 2025, 11:06
— Lusa/AO Online
“Numa
situação destas e com algum alarme que está a ser criado, talvez valha a
pena repensar se não deve ser uma comissão técnica independente
exterior ao proprietário da viatura, que é a ANEPC [Autoridade Nacional
de Emergência e Proteção Civil]”, a elaborar o inquérito ao acidente”,
afirmou o responsável.António Nunes falava
à agência Lusa em Odemira, no distrito de Beja, à margem do velório do
bombeiro Dinis Conceição, que morreu na sequência do despiste do veículo
ocorrido na quarta-feira naquele concelho alentejano.Lembrando
que a ANEPC já levantou um inquérito, o presidente da LBP assinalou que
essa investigação é feita pela “entidade proprietária do veículo, pela
entidade que criou o caderno de encargos para a sua compra e pela
entidade que o rececionou”.“Não tenho
nenhuma dúvida da independência que possa estar sobre os inspetores que
estão a fazer a auditoria, mas gostaríamos talvez de ver a situação, já
que há comissões técnicas independentes para outras situações”,
salientou.Este caso, sublinhou António
Nunes, é “uma situação de dúvida cada vez mais crescente” e, com uma
comissão independente a investigar as causas, “talvez houvesse a
garantia de que as conclusões não iriam sofrer qualquer tipo de
interrogações”.“Podemos correr o risco de
outras associações, se se mantiver esta pressão, quer nas redes sociais,
quer até na comunicação social, colocarem em dúvida a segurança do
veículo”, alertou, já que o lote a que pertencia a viatura acidentada
tinha no total 57 carros.Segundo o
responsável, a LPB tem registo de 255 bombeiros mortos em serviço desde
1980, o que representa “um número bastante elevado, que não tem
comparação com mais nenhuma força de segurança”.“A
LPB veio apresentar as condolências ao comandante, ao corpo de
bombeiros, à família e, acima de tudo, representar todos os bombeiros de
Portugal, que estão tristes”, acrescentou.O
despiste do veículo desta corporação alentejana aconteceu na
quarta-feira à noite, na estrada municipal que liga Boavista dos
Pinheiros a Saboia, em Odemira, deixando cinco bombeiros feridos, entre
os 37 e os 43 anos, dos quais quatro graves e um ligeiro.O
bombeiro Dinis Conceição, de 38 anos, tinha sido helitransportado para o
Hospital de São José, em Lisboa, mas acabou por morrer na sexta-feira.
Era bombeiro profissional na corporação e pertencia a uma equipa de
intervenção permanente (EIP), composta por cinco elementos.Dois
bombeiros continuam internados, um no Hospital de Portimão e o outro no
de Santa Maria, em Lisboa, enquanto os outros dois já tiveram alta
hospitalar.Na quarta-feira, esta EIP foi
chamada a intervir “numa queimada autorizada” em Saboia, a qual “se
descontrolou”, e os operacionais regressavam a casa quando o veículo de
combate a incêndios se despistou, segundo o presidente da Associação
Humanitária de Bombeiros Voluntários de Odemira, António Camilo.A
Inspeção dos Serviços de Emergência e Proteção Civil abriu um inquérito
ao acidente de viação, logo no próprio dia do sinistro, disse à Lusa
fonte da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC),
explicando tratar-se de um procedimento realizado sempre que existe um
acidente envolvendo um veículo dos bombeiros.Também
Luís Oliveira indicou que estavam em curso inspeções da ANEPC e do
Núcleo de Investigação Criminal de Acidentes de Viação da GNR e disse
querer conhecer o relatório das perícias para apurar se o despiste “foi
provocado por deficiência mecânica ou por erro humano”.De
acordo com o comandante, “nunca houve queixas de segurança” relativas a
esta viatura, mas o veículo iria ser recolhido “na segunda-feira para
pequenas retificações técnicas”, que não implicavam “a segurança da
mesma”.O Presidente da República, Marcelo
Rebelo de Sousa, e a ministra da Administração Interna, Margarida
Blasco, também já chegaram ao velório do bombeiro, mas à entrada não
prestaram declarações aos jornalistas.