Liga dos Bombeiros ameaça deixar de fazer transporte de doentes com alta hospitalar
15 de dez. de 2023, 09:55
— Lusa/AO Online
A
decisão vai ser tomada, na sexta-feira, na reunião do conselho
executivo da LBP, sendo ainda avaliada qual a melhor data para o
protesto, estando a ser considerados os dias 20, 21 e 22 de dezembro,
disse à Lusa o presidente da Liga.António
Nunes lamentou a falta de diálogo por parte do Ministério da Saúde para
resolver o problema da falta de ambulâncias devido aos constrangimentos
nas urgências hospitalares e avançou que, caso os bombeiros não obtenham
uma resposta até sexta-feira, as corporações vão recusar fazer o
transporte de doentes com altas hospitalares durante três dias.“Os
bombeiros estão a ficar numa situação absolutamente caótica em relação a
tudo o que se está a passar relativamente à emergência pré-hospitalar e
à renegociação dos transportes de doentes não urgentes”, disse, dando
conta que “há três reuniões essenciais”, designadamente com o INEM,
direção executiva do Serviço Nacional de Saúde e secretário de Estado da
Saúde para o transporte de doentes não urgentes.António
Nunes criticou o facto de a LBP “não conseguir um diálogo com os
responsáveis do Ministério da Saúde para tentar resolver situações como
transporte de um cadáver ou ir à porta de uma urgência de um hospital
buscar um doente para outra urgência. “Isto
está a tornar-se numa situação mesmo complicada. Não queremos que
ocorra uma situação em que dentro de uma ambulância dos bombeiros exista
um desfecho trágico. Ninguém toma uma medida”, sublinhou, lamentando
que o Ministério da Saúde “ainda não tenha respondido à carta de
protesto” entregue pela LBP há 15 dias.Como
exemplo de situações que considera inaceitáveis, o presidente da LBP
referiu os "vários casos de sinistrados que chegam a estar dentro de uma
ambulância de um corpo de bombeiros 30 ou mais minutos a aguardar a
indicação” do Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) do INEM
sobre qual o hospital para onde devem ser encaminhados de ambulância e
do transporte de um cadáver para um hospital através do CODU.“Na
semana passada, uma pessoa morreu em casa e o CODU, porque não tinha
médico para mandar ao local, manda os bombeiros transportar para as
urgências do Francisco Xavier um cadáver com 10 ou 12 horas”, indicou.António
Nunes disse igualmente que há hospitais que não estão a deixar entrar
nas urgência doentes que precisam de auxílio, deixando-os ficar à porta e
têm de ligar para o CODU para que uma ambulância os transporte para a
urgência de outro hospital.“O Ministério
da Saúde tem que se sentar à mesa com os bombeiros e perante os
problemas tem que dar uma resposta, até pode ser eu não resolvo, mas
então que diga isso e os bombeiros, perante um problema, têm como
resposta não resolvo”, disse ainda.O
transporte de utentes com altas hospitalares acontece quando os doentes
internados têm alta, mas muitos deles têm que ser transportados de
ambulância para casa, lares de idosos ou unidade de retaguarda.