Liga anuncia criação de Serviço de Ambulância dos Bombeiros
A Liga dos Bombeiros Portugueses anunciou hoje, em Chaves, a criação do Serviço de Ambulância dos Bombeiros, uma nova organização dos serviços de saúde que se pretende impor pela "qualidade e implantação no terreno" aos serviços públicos.

Autor: Lusa
O presidente da LBP, Duarte Caldeira, que falava à margem do Conselho nacional extraordinário da liga que decorreu hoje, em Chaves, anunciou a constituição de uma equipa de missão que, no prazo de 90 dias, vai criar no país o Serviço de Ambulância dos Bombeiros.
"Vamos encontrar formas de cooperação entre as corporações de nível distrital de modo a que elas se possam organizar e reforçar a prestação de serviços. O objectivo é que imponham aos serviços públicos o seu próprio reconhecimento pela qualidade, proximidade e implantação no terreno".
Duarte Caldeia diz que chegou o momento de "evoluir para uma nova etapa de organização dos serviços de saúde dos bombeiros, precisamente, criando o Serviço de Ambulância dos Bombeiros estruturado e organizado na base distrital e regional".
Depois das ameaças de romper o acordo assinado com o Governo, em Julho, com o objectivo de regular a prestação de serviços pelos bombeiros na área de emergência hospitalar, a LBP decidiu hoje não avançar com a renúncia.
Isto porque, segundo o responsável, apesar do Ministério da Saúde "violar" os pressupostos acordados, esta tomada de atitude por parte dos bombeiros iria "prejudicar as populações".
"Temos consciência da importância que representa a nossa intervenção no território do continente, de que temos uma cobertura que o INEM não consegue substituir, e, se nós tomássemos essa posição, isso reverteria automaticamente num prejuízo objectivo para as populações", salientou.
Duarte Caldeira referiu que a liga aceitou que a actualização dos tarifários pelo transporte urgente de doentes tivesse efeitos apenas a partir de Janeiro de 2008.
Só que, acusou, enquanto alegava não ter dinheiro para pagar as actualizações às corporações de bombeiros, o Ministério da Saúde, através do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), tem vindo, a criar "uma estrutura paralela" de ambulâncias, com as respectivas tripulações.
"Estão a criar novos tipos de ambulâncias que na prática significa concorrer com o sistema que o parceiro bombeiros tem no terreno e remeter a estrutura dos bombeiros para um papel residual", frisou.
Para Duarte Caldeira esta atitude do Governo representa uma "subversão aos pressupostos do acordo". "Temos que exigir ao Estado uma atitude diferente, não aceitámos ser colocados num papel residual", referiu.
Os bombeiros não colocam a hipótese de fazer greves ou paralisações porque dizem que isso iria prejudicar as populações que servem, mas admitem a realização de uma "grande e maciça acção de esclarecimento" para envolver essas mesmas populações na sua luta.
Refira-se que já desde 2004 que a LBP acusa o INEM de estar a criar uma "estrutura paralela" de socorro pré-hospitalar.
Outra questão que esteve hoje em debate foi a do transporte de doentes, já que, relativamente aos concursos públicos lançados pelos hospitais, os bombeiros consideram que estão a ser colocados "em pé de igualdade com os operadores privados".
"E nós não queremos ser comerciantes de transporte de doentes", frisou.
Deu como exemplo o concurso público ganho por uma empresa privada para prestar serviço para o Instituto Português de Oncologia (IPO) ao nível de 60 concelhos.
"Verificamos que, actualmente, há cidadãos no distrito de Vila Real que estão a ser tratados como números porque são literalmente carregados na mesma ambulância e são obrigados a andar um conjunto alargado de quilómetros até ao local onde vão ser sujeitos ao tratamento", sublinhou.
Os bombeiros exigem ao Governo, segundo o responsável, "uma visão humanista do transporte de doentes".
Duarte Caldeia considerou ainda que "não existe fiscalização" relativamente aos operadores privados, enquanto que os bombeiros "estão permanentemente a ser fiscalizados pelas forças de segurança".