Líderes parlamentares franceses rejeitam debate sobre processo de destituição de Macron
8 de out. de 2024, 12:20
— Lusa/AO Online
“Emmanuel
Macron não terá de suportar um debate no hemiciclo sobre o (seu)
comportamento perigoso e errático” após as eleições legislativas,
afirmou Mathilde Panot, líder dos deputados da LFI, maior força no seio
da coligação de esquerda Nova Frente Popular (NFP), numa conferência de
imprensa na Assembleia Nacional (câmara baixa do parlamento francês),
após o anúncio da decisão dos presidentes dos grupos parlamentares
franceses.A proposta, apresentada por
todos os deputados da LFI e por alguns comunistas e ecologistas (mas não
pelos socialistas), já tinha sido rejeitada na semana passada pela
comissão legislativa da Assembleia Nacional.A
proposta de destituição surgiu na sequência do chefe de Estado
francês se recusar a nomear um governo da NFP após a coligação de
esquerda ter vencido as eleições legislativas antecipadas (que
decorreram a 30 de junho e 07 de julho), sem maioria absoluta, e com o
propósito de denunciar um "golpe de forças" de Macron.O
Presidente francês acabaria por nomear, em setembro, Michel Barnier
(centro-direita), o antigo negociador da União Europeia (UE) para o
processo do ‘Brexit’ (saída britânica do bloco europeu), como
primeiro-ministro de França.Os
presidentes dos partidos da coligação presidencial (MoDem e Horizontes) e
da direita republicana opuseram-se ao texto, enquanto a líder da
extrema-direita francesa Marine Le Pen (RN) decidiu abster-se. Um
possível voto favorável de Le Pen poderia ter alterado o resultado da
votação.Já os quatro grupos parlamentardes
da coligação de esquerda, vencedores das eleições legislativas de julho
sem maioria absoluta, “votaram a favor” deste debate no hemiciclo, pelo
que, segundo argumentou Mathilde Panot, “foi (Marine) Le Pen que, de
certa forma, salvou Macron de um processo de destituição”.Para
a líder dos deputados da LFI esta foi a confirmação de que “a União
Nacional (extrema-direita) não está na oposição ao governo de Michel
Barnier e a Emmanuel Macron, mas sim é uma apólice de seguro de vida do
sistema”.Esta decisão põe fim ao processo
iniciado no início de setembro pela LFI, que “terminou o seu percurso”,
acrescentou a representante.No entanto, as
hipóteses de sucesso desta proposta eram praticamente nulas, uma vez
que a destituição do Presidente francês exigia uma maioria de dois
terços tanto na Assembleia como no Senado (câmara alta do
parlamento), liderado pela direita e pelo centro.Esta
foi a primeira vez na Quinta República francesa que a proposta de
destituição de um Presidente chegou à fase de ser analisada
pela Conferência dos Presidentes dos grupos políticos.O
Governo minoritário do primeiro-ministro conservador Michel Barnier
enfrenta hoje a discussão e votação da sua primeira moção de censura
apresentada pela NFP na Assembleia Nacional.