Líder regional do PS critica "desgoverno" dos partidos da coligação

Açores/Crise

1 de dez. de 2023, 17:26 — Lusa /AO Online

"Devo confessar que já há poucas coisas que me surpreendem nesta coligação de desgoverno. Antes de entrarem para a audiência com o senhor Presidente da República diziam uma coisa. Saem da audiência dizem exatamente o seu contrário", sustentou Vasco Cordeiro, em declarações aos jornalistas.O líder parlamentar do PS na Assembleia Legislativa Regional e antigo presidente do Governo dos Açores falava à margem de uma visita ao Porto de Pescas de Rabo de Peixe, concelho da Ribeira Grande, na ilha de São Miguel.O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, convocou uma reunião do Conselho de Estado para 11 de dezembro, depois de ter ouvido na quinta-feira os partidos representados no parlamento açoriano, na sequência do chumbo do orçamento regional para 2024.O presidente do Governo açoriano de coligação (PSD/CDS-PP/PPM), José Manuel Bolieiro, tinha anunciado que o executivo tencionava apresentar uma nova proposta de Orçamento regional, tal como previsto na Lei de Enquadramento do Orçamento da Região Autónoma dos Açores, mas na quinta-feira declarou ter noção de que isso será “inútil” devido à manutenção das intenções de voto dos partidos que votaram contra o documento."Tanto finca pé fez nesta questão e que agora parece estar numa competição para saber quem é que defende mais a realização de eleições antecipadas", disse o líder do PS/Açores, quando questionado sobre a posição declarada pelo chefe do executivo açoriano.Segundo Vasco Cordeiro, "não há dado nenhum que existisse depois da audiência com o senhor Presidente da República que não existisse antes"."Era claramente notório que o Governo não está a ser capaz de corresponder aquilo que os Açores necessitam", apontou o presidente do PS/Açores.Vasco Cordeiro reiterou as críticas ao Governo de coligação nos Açores, garantindo que o "PS está preparado para as eleições, como sempre esteve", aceitando "o veredicto que os açorianos entenderem dar".Segundo o líder regional socialista, os partidos de coligação "estiveram envolvidos", ao longo da governação, "em tricas internas" e "guerras de protagonismo" e revelaram "incapacidade" para "dar segurança e estabilidade para os Açores e aos açorianos" para "enfrentarem os desafios com que estão confrontados"."O Governo e os partidos que o compõem alienou completamente aqueles que eram os apoios que detinha e acho que neste caso o melhor é devolver a palavra ao povo", frisou Vasco Cordeiro.As reuniões do Presidente da República com os partidos com assento na Assembleia Legislativa Regional dos Açores foram anunciadas na semana passada, logo a seguir ao chumbo do Orçamento regional para 2024.Os documentos foram chumbados na quinta-feira passada, na votação na generalidade, com os votos contra de IL, PS e BE e as abstenções do Chega e do PAN.O executivo chefiado por José Manuel Bolieiro (PSD) deixou de ter apoio parlamentar maioritário desde que um dos dois deputados eleitos pelo Chega se tornou independente e o deputado da IL rompeu com o acordo de incidência parlamentar. O Governo de coligação PSD/CDS-PP/PPM mantém um acordo de incidência parlamentar com o agora deputado único do Chega.A Assembleia Legislativa dos Açores é composta por 57 deputados e, na atual legislatura, 25 são do PS, 21 do PSD, três do CDS-PP, dois do PPM, dois do BE, um da Iniciativa Liberal, um do PAN, um do Chega e um deputado é independente (eleito pelo Chega).