Líder PSD/Açores admite que suspeitas de corrupção na Madeira perturbam campanha
26 de jan. de 2024, 08:25
— Lusa/AO Online
“O que eu
acho é que nestas situações, como em tantas outras, já no passado, à
justiça o que é da justiça”, disse José Manuel Bolieiro aos jornalistas.Questionado
sobre o facto de o presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel
Albuquerque (PSD), ter sido constituído arguido e de ter afirmado que
não se demite, acrescentou que é da sua “profunda convicção de cidadão, a
de que há que fazer prevalecer a presunção de inocência”.“Este
é um direito e uma vantagem do funcionamento da nossa justiça”, disse
José Manuel Bolieiro, que também é presidente do Governo Regional dos
Açores.À margem de uma ação de campanha no
aldeamento turístico da Aldeia de Cuada, na ilha das Flores, o também
cabeça de lista da coligação PSD/CDS-PP/PPM pelos círculo de São Miguel
nas legislativas regionais admitiu que, “infelizmente, estes
acontecimentos perturbam o momento do esclarecimento cívico de
campanha”.Já quando interrogado sobre se
situações desta natureza não poderão descredibilizar a política e os
políticos e afastar as pessoas dos atos eleitorais respondeu: “Eu não
posso negar que a corrupção e os casos de dificuldades que a
investigação criminal também enfrenta possa dignificar a política”.E
prosseguiu: “Aliás, penso que tudo isso é sob o ponto de vista do
prestígio da política e dos políticos um problema até para convencer as
pessoas a participarem e não serem verdadeiramente indiferentes ao
fenómeno político”.Na sua opinião, a
política “é uma coisa boa”: “É estarmos em missão e ao serviço do nosso
povo e do futuro das nossas gerações mais novas e, portanto, eu quero
comprometer-me, sobretudo, com isso. Com a humildade democrática e o
reconhecimento que a justiça faz o seu caminho”. “E nós, na política,
faremos o nosso. Eu, pelo menos, é isso que quero fazer. É fazer o meu
caminho de serviço ao meu povo”, acrescentou.Miguel
Albuquerque (PSD) foi constituído arguido na quarta-feira, após a
Polícia Judiciária ter realizado cerca de 130 buscas domiciliárias e não
domiciliárias na Madeira (Funchal, Câmara de Lobos, Machico e Ribeira
Brava), na Grande Lisboa (Oeiras, Linda-a-Velha, Porto Salvo, Bucelas e
Lisboa), em Braga, Porto, Paredes, Aguiar da Beira e Ponta Delgada
(Açores), no âmbito de três inquéritos dirigidos pelo Departamento
Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP).A
residência de Miguel Albuquerque e a Quinta Vigia, sede da presidência
do Governo Regional (PSD/CDS-PP), também foram alvo de buscas, no
decurso de um processo em que o presidente da Câmara do Funchal, Pedro
Calado (PSD), e dois gestores ligados ao grupo de construção AFA foram
detidos.Em declarações aos
jornalistas à margem das Conferências Atlânticas, em Câmara de Lobos,
Miguel Albuquerque recusou comparar o seu caso com o que motivou a
demissão do primeiro-ministro socialista, António Costa, reiterando que
não se demite.