Líder dos TSD/Açores diz que situação financeira deixada pelo PS pode comprometer futuro da região
20 de fev. de 2022, 11:48
— Lusa /AO Online
“As finanças públicas foram encontradas em estado mais fragilizado do que apontavam as previsões mais pessimistas. Afinal, em vez de um ficcionado excedente orçamental e de dinheiro nos cofres da tesouraria pública, encontrou-se dívida e mais dívida, compromissos, cartas de conforto e toda a sorte de instrumentos financeiros que afundam as finanças na penúria e podem comprometer gravemente o futuro dos Açores”, afirmou o líder dos TSD/Açores, Joaquim Machado.O deputado social-democrata, que lidera a estrutura há cerca de 10 anos, foi reeleito hoje, sem adversários, com 49 votos a favor e duas abstenções.No encerramento do IX Congresso Regional dos TSD/Açores, que decorreu na Praia da Vitória, na ilha Terceira, Joaquim Machado deixou críticas à governação de 22 anos do Partido Socialista e ao cenário encontrado pelo PSD, quando tomou posse do Governo Regional, em coligação com CDS-PP e PPM, em novembro de 2020.“A agricultura não conseguiu realizar a modernização, nem dar o salto produtivo que se impunha fazer; as pescas naufragam em problemas; a indústria continua timidamente a viver da produção leiteira, sem verdadeiros rasgos no domínio da exportação; na educação e na saúde, onde a arquitetura jurídica que sustenta os setores é exclusivamente regional, os resultados e os indicadores atestam a incompetência e o desmando de muito tempo de governação socialista”, apontou.O líder dos TSD/Açores salientou que, nos últimos 15 anos, “a região recebeu diariamente da União Europeia mais de meio milhão de euros”, mas o executivo açoriano “falhou” nas opções estratégicas e na aplicação de fundos.“Passadas mais de duas décadas, os Açores perderam muitas e boas oportunidades. Diria que perdemos uma geração”, acusou.Na presença do líder do PSD e presidente do Governo Regional, José Manuel Bolieiro, mas também do líder do PPM, Paulo Estêvão, e do vice-presidente do CDS-PP Félix Rodrigues, o presidente dos TSD/Açores apelou a um melhor aproveitamento das ajudas comunitárias dirigidas à qualificação profissional.“O alicerce para o emprego sustentado e a promoção de uma economia competitiva faz-se com investimento estratégico na educação e na formação profissional, faz-se pelo desagravamento da carga fiscal, faz-se pelo investimento privado, complementado com o investimento público”, frisou.Joaquim Machado considerou “urgente preparar os Açores para novos desafios” e reiterou que a região precisa de “mão de obra qualificada”.“A educação e a formação profissional devem ser pilares do nosso desenvolvimento, da competitividade que queremos para a economia açoriana. É preciso devolver à escola a qualidade e o rigor, a exigência e o mérito, únicos valores capazes de promover a excelência”, adiantou.Defendeu ainda “o ingresso nos quadros dos trabalhadores precários que se encontram a satisfazer necessidades permanentes da administração pública”.“Os programas de ocupação de desempregados devem ser mantidos, com aperfeiçoamentos e rigor, apenas enquanto a economia não for capaz de gerar mais emprego”, sublinhou.Também presente no congresso, o secretário-geral dos TSD, Pedro Roque, disse estar convicto de que os Açores conseguirão recuperar o “atraso estrutural” que têm em relação a outras regiões do país com a atual governação.“É difícil a vida nestas ilhas. O isolamento e a insularidade não contribuem para isso, mas sabemos que os Açores têm um potencial enorme e que está desaproveitado e estamos conscientes de que essa página se virará com esta nova liderança do governo regional”, afirmou.Já o secretário-geral da Federação de Sindicatos da Administração Pública (FESAP), José Abraão, igualmente presente no encontro, defendeu a recuperação dos serviços públicos e a fixação de quadros qualificados no país.“Esta política, que tem sido desenvolvida até hoje, em torno dos baixos salários, onde foi muito importante aumentar o salário mínimo nacional, tem de ser claramente alterada para evitar que a geração mais qualificada que temos hoje saia do nosso país”, alertou.