Líder do PSD destaca "cooperação impecável" com PR, mas cada um com a sua função
23 de dez. de 2022, 17:19
— Lusa/AO Online
Luís
Montenegro esteve no Palácio de Belém, para o que classificou de
“audiência combinada” entre si e o chefe de Estado, para lhe apresentar
cumprimentos de Boas Festas e fazer um balanço do ano político.“Podemos
desta maneira instituir uma nova forma de os líderes das oposições
poderem apresentar os seus cumprimentos ao Presidente da República, como
fazem o Governo e o parlamento”, disse, manifestando a vontade de que
se inaugure “uma tradição nova” com este encontro na antevéspera de
Natal.Questionado se tem existido sintonia
entre o PSD e Belém nestes primeiros seis meses do seu mandato, Luís
Montenegro considerou que “a questão coloca-se do ponto de vista da
colaboração e cooperação institucional" e "tem funcionado de forma
impecável”.“O maior partido da oposição
tem interesse e obrigação de cooperar institucionalmente com a
Presidência da República e é o que tenho feito, sabendo que o Presidente
tem uma função no sistema político e eu tenho outra”, afirmou.E
acrescentou: “Eu não preciso do senhor Presidente da República para
cumprir a minha, nem ele precisa de mim para cumprir a dele, mas é bom
que há espírito de cooperação e colaboração”.“Aquilo
que o Presidente da República tem de fazer é o que feito: manter o
sistema a funcionar e manter a sua magistratura de influência para que
as instituições tenham um funcionamento regular e tem cumprido bem a sua
tarefa”, disse.No seu balanço do ano
político, o líder do PSD voltou a acusar o Governo do PS de “inoperância
e navegação à vista”, deixando por resolver os problemas estruturais do
país.“Foi um ano muito difícil em que se
viu no dia-a-dia das pessoas o efeito da falta de capacidade
transformadora e reformista do Governo”, criticou Montenegro, acusando o
executivo de fazer “uma governação à vista a olhar apenas para o dia
seguinte”.Como exemplo, apontou o
agravamento do incumprimento de “pagar o que deve a setores-chave como
os bombeiros”, a “baixíssima execução” do Plano de Recuperação e
Resiliência, mas também a forma como têm decorrido vários processos
legislativo nas últimas semanas na Assembleia da República.Questionado
se, na audiência com o Presidente da República, foi abordado o dossiê
da eutanásia, Luís confirmou ter trocado impressões com Marcelo Rebelo
de Sousa sobre o tema.“O que aconteceu na
Assembleia da República foi uma pressa inusitada de processos
legislativos que a maioria do PS negligenciou e foi deixando o tempo
correr neste e noutros instrumentos legislativos importantes”, lamentouSobre
a eutanásia, em concreto, Montenegro apenas referiu que o Presidente da
República está a aguardar o decreto do parlamento – que só deverá
chegar no próximo ano, uma vez houve uma reclamação formal do Chega
quanto à redação final – e que reiterou a sua “visão sobre a temática”.O
presidente do PSD já disse, em outras ocasiões, que é tendencialmente
contra a despenalização da eutanásia, embora tenha dúvidas, e defende um
referendo.“Foi mais uma oportunidade de
poder partilhar com o Presidente da República as nossas preocupações com
a incompetência e incapacidade do Governo em resolver os problemas
estruturais do país, uma inoperância que é muito prejudicada por
perturbações, ruído, dos casos que têm afetado membros do Governo e o
primeiro-ministro”, resumiu.Luís Montenegro esteve sozinho nesta audiência com Marcelo Rebelo de Sousa e o encontro durou menos de uma hora.