Líder do PS/Açores quer reorganizar o partido e atrair novos quadros
25 de set. de 2024, 17:33
— Lusa/AO Online
“O fim de
um ciclo, que deu muitas vitórias ao PS e trouxe muitas vantagens aos
açorianos, representa, igualmente, desafios a ultrapassar e
oportunidades a aproveitar. Em primeiro lugar, o desafio de atualizar o
PS, ao nível programático, de construção de soluções políticas concretas
para a vida das pessoas, mas também quanto ao modo como se organiza e
atrai novos quadros e jovens à participação na ‘res publica’”, lê-se na
moção, a que a Lusa teve acesso.Para
Francisco César, que apresenta a moção este fim de semana no 19.º
congresso regional do partido, “este novo ciclo representa também a
oportunidade de o PS se renovar para, novamente, liderar com capacidade e
competências readquiridas um novo ciclo de transformação” dos Açores.Nas
próximas eleições autárquicas, o líder dos socialistas açorianos
assumiu como objetivo “reforçar o número de câmaras municipais,
assembleias municipais e juntas de freguesia”, comprometendo-se
com “um intenso trabalho preparatório, em cada freguesia, em cada
concelho”, no decorrer deste ano.Francisco
César, eleito presidente do PS/Açores em junho, considera que o
partido, que liderou a região entre 1996 e 2020, deve “retirar
ensinamentos sobre o que correu bem, o que não resultou e o que, pura e
simplesmente, se esgotou ou se desatualizou com o decorrer do tempo”.“O
nosso passado é a identidade de que não abdicamos, todavia, tal não
significa que não devamos fazer evoluir as nossas políticas, discutir
novos rumos para a autonomia e, até, em alguns casos, assumir ruturas”,
aponta.O dirigente socialista frisa que o
partido vive um “momento de transição”, depois de “um ciclo longo” na
governação, mas lembra que, apesar de estar na oposição, o PS tem o
mesmo número de deputados do PSD e continua a ser “o único partido
político com representação parlamentar nas nove ilhas dos Açores”.“Sabemos
bem que o caminho não será fácil nem está isento de obstáculos. Sabemos
bem, ainda, que há um trabalho de reconciliação do PS/Açores com parte
da sociedade açoriana que, por alguma razão, se afastou de nós nos
últimos anos. Sabemos, ainda, que não podemos mudar para que, na
prática, fique tudo na mesma”, vinca.O
presidente do PS/Açores quer um partido “de portas abertas”, que retome
“o caminho da proximidade entre dirigentes e militantes e entre estes e
as forças vivas e dinâmicas que existem em cada freguesia açoriana”.Francisco
César pretende também implementar o Fórum para um Novo Futuro dos
Açores, “que congregue socialistas e não socialistas, empenhados numa
reflexão séria, sem dogmas, sobre o presente e sobre o futuro” da
região, e a Academia de Políticas Públicas, para dotar os jovens
socialistas de conhecimento e de experiência.Considera
ainda fundamental conhecer de perto a realidade do mundo sindical e dos
trabalhadores da região, “elegendo no espaço de um ano uma secção
regional da tendência sindical do PS e criando secções temáticas junto
dos principais empregadores”.Na moção de
orientação política global, Francisco César defende “a procura do
consenso político regional” para um “processo de revisão constitucional
que seja favorável às regiões insulares”.“Se
não houver consenso político regional nestas matérias, dificilmente
haverá consenso numa Assembleia da República investida de poderes de
revisão constitucional, tanto mais conhecida que é a sua fragmentação
atual”, sublinha.O PS propõe, entre outras
medidas, a revisão da Lei das Finanças Regionais, a revisão do quadro
de competências partilhadas, a extinção da figura do Representante da
República e a designação de um juiz para o Tribunal Constitucional por
cada Região Autónoma, eleito pelos respetivos parlamentos regionais.