Líder do PS/Açores diz que Bolieiro tem "preferência clara" em conversar com a direita
17 de set. de 2024, 15:11
— Lusa/AO Online
“O Orçamento
da Região é fundamental para a atividade económica, para a geração de
emprego e de rendimento, mas aquilo que nos pareceu da audiência com o
presidente do Governo é que há uma preferência clara em olhar para a
direita e conversar, do que em olhar para quem está entre o centro e a
esquerda e disponível para concretizar soluções que ajudem efetivamente a
vida das pessoas”, afirmou o líder regional socialista, citado em
comunicado de imprensa.Na segunda-feira,
Francisco César apresentou um conjunto de 11 propostas ao presidente do
Governo Regional, como condições para o partido viabilizar as propostas
de Plano e Orçamento da Região para 2025 na Assembleia Legislativa dos
Açores, onde a coligação PSD/CDS/PPM não tem maioria absoluta.Num
dia em que o líder do executivo açoriano, José Manuel Bolieiro, recebeu
todos os partidos com assento parlamentar nos Açores, no âmbito do
processo de auscultação sobre as antepropostas de Plano e Orçamento
Regional para 2025, também o Chega, que tem cinco deputados no
parlamento açoriano, manifestou disponibilidade para viabilizar os
documentos.À margem de uma reunião
com a direção da Câmara de Comércio e Indústria de Ponta Delgada, o
líder regional socialista reiterou a disponibilidade para dialogar com o
executivo açoriano e garantiu que as propostas apresentadas pelo
PS/Açores são fáceis de integrar no Plano e Orçamento.Segundo
Francisco César, se o PS não viabilizar o Orçamento “foi por o Governo
Regional não querer que o mesmo fosse viabilizado pelo Partido
Socialista”.O líder do maior partido da
oposição nos Açores defendeu que o atual executivo tem “uma maior
receita do que no passado”, que lhe permite acomodar as propostas
apresentadas pelo PS.Segundo Francisco
César, nos últimos três anos, a carga fiscal na região aumentou cerca de
244 milhões de euros e os açorianos estão a pagar mais com o imposto
sobre os combustíveis.O presidente do
PS/Açores apelou ao executivo açoriano para que regularize as dívidas
aos fornecedores, reequilibre as finanças públicas e desburocratize o
acesso de cidadãos e empresas a candidaturas a fundos comunitários.“Quando
queremos uma economia que remunera bem os seus trabalhadores, com
empresas que geram lucro, o mínimo que nós podemos pedir a um Governo
Regional é que pague aquilo que deve e isso não está a acontecer já há
algum tempo”, vincou.Francisco César
alertou para atrasos no pagamento “aos empresários e às empresas, aos
cidadãos que se candidataram a sistemas de incentivos e de apoios, às
instituições e agentes culturais, a clubes e associações desportivas bem
como a IPSS [Instituições Particulares de Solidariedade Social]”.Acusou
ainda o executivo da coligação de “incapacidade” para analisar os
sistemas de apoio aos empresários e a burocracia com que os cidadãos se
deparam ao aceder a um serviço do Governo.“O
Governo Regional parece-nos estar um pouco desorientado, não só porque
não tem dinheiro para cumprir com os seus compromissos, como não tem
capacidade para analisar e fomentar a atividade económica que nós
gostaríamos”, criticou.O executivo saído
das eleições legislativas antecipadas de 04 de fevereiro governa a
região sem maioria absoluta no parlamento açoriano e, por isso,
necessita do apoio de outro partido ou partidos com assento parlamentar
para aprovar as suas propostas.No sufrágio
de fevereiro, PSD, CDS-PP e PPM elegeram 26 deputados, ficando a três
da maioria absoluta. O PS é a segunda força no arquipélago, com 23
mandatos, seguido do Chega, com cinco. BE, IL e PAN elegeram um deputado
regional cada, completando os 57 eleitos.