Líder do PS/Açores acusa Governo de "negociações à socapa" para viabilizar Orçamento
23 de nov. de 2021, 17:26
— Lusa/AO Online
“Estamos
a assistir a um jogo de sombras, em que cada um acha que, se o outro
não saber que cedeu, está tudo bem. O problema está aí, na capacidade nas
negociações, simplesmente para que se mantenham no poder. Transformaram
o Orçamento em algo secundário. O principal, engula-se uma baleia ou um
elefante, não interessa, é que esta negociação passe de mansinho”,
lamentou o deputado Vasco Cordeiro, no debate sobre o Orçamento da
Região para 2022, que começou na segunda-feira na Assembleia Legislativa
da Região Autónoma dos Açores (ALRAA).Vasco
Cordeiro perguntou ainda “que resposta deu o Governo à ideia de que já
está definida uma remodelação [do executivo], à decisão de extinguir a
SATA Internacional ou a apoios à natalidade só para ricos”, algumas das
propostas apresentadas na sexta-feira pelo deputado único do Chega como
condição para viabilizar o Orçamento num parlamento onde os partidos de
Governo (PSD/CDS-PP/PPM) precisam do seu apoio parlamentar.“Esclareça-nos. Diga-nos. Em que ponto está a autonomia e a democracia?”, desafiou o ex-presidente do Governo dos Açores.Para
Vasco Cordeiro, “cada segundo e cada minuto que passa sem
esclarecimento das dúvidas criadas na sexta-feira [em conferência de
imprensa, pelo deputado do Chega] é um minuto e um segundo a menos no
benefício da dúvida que podia ter o Governo”.“A
questão não é se o PS apresenta propostas ou alternativas, é se o
presidente do Governo aceita ou aceitou submeter-se à chantagem de um
partido”, afirmou, em resposta às críticas de Paulo Estêvão, deputado do
PPM.Vasco Cordeiro criticou as
“negociações à socapa, pouco transparentes”, que criam a “ilusão de que
não se sentam [à mesa das negociações] quando já está tudo combinado
para que se sentem”.Questionado
por Paulo Estêvão, Vasco Cordeiro disse ainda ter aprendido coisas na
oposição, após oito anos na presidência do executivo açoriano.“Uma
das coisas é que este comportamento [do Governo] é arrogantemente
típico de uma maioria absoluta. Eu sou a prova. Há um ano, os açorianos
tiveram uma mensagem muito clara em relação a este tipo de comportamento
[tiraram a maioria absoluta ao PS]. Aprendi eu num ano o que os
senhores não aprenderam em mais de 20”, observou.