Líder do Hezbollah diz que grupo está disposto a negociar cessar-fogo mas com condições
Médio Oriente
30 de out. de 2024, 16:12
— Lusa/AO Online
"Se
o inimigo decidir [concordar com] um cessar-fogo, diremos que sim, mas
com condições. O caminho será realizar negociações indiretas para esse
fim", disse Naim Qassem, que no início de outubro - quando era o número
dois do Hezbollah - deu o seu apoio às negociações de tréguas mediadas
pelo presidente do Parlamento libanês, Nabih Berri.Qassem
lembrou que Berri, que também lidera o grupo xiita Amal, aliado do
Hezbollah, é “o pilar das negociações”, embora tenha lamentado que
“ainda não haja um projeto claro que seja consensual” para acabar com o
conflito.Berri, que é presidente do
Parlamento há três décadas, é uma figura crucial que serve de canal de
comunicação do grupo com o restante espetro político libanês.“Não vamos implorar por um cessar-fogo”, acrescentou, entretanto, Qassem.De
acordo com os meios de comunicação israelitas, o conselheiro do
Presidente dos Estados Unidos para o Médio Oriente, Brett McGurk, e Amos
Hochstein, enviado especial do chefe de Estado norte-americano, deverão
deixar os Estados Unidos hoje para se reunirem com o primeiro-ministro
israelita, Benjamin Netanyahu, e outras autoridades israelitas para
discutir as condições para uma possível cessar-fogo com o Hezbollah.O
ministro da Energia de Israel, Eli Cohen, membro do gabinete de
segurança, disse hoje que estavam em curso discussões dentro do gabinete
sobre os termos de uma trégua com o Hezbollah no sul do Líbano, onde o
exército israelita lidera uma ofensiva terrestre desde há cerca de um
mês.O Hezbollah anunciou na terça-feira a
nomeação de Qassem, após a morte do antigo líder Hassan Nasrallah, num
ataque israelita a 27 de setembro.Após
nomear Qassem, o Conselho Shura prometeu trabalhar com o Hezbollah “para
alcançar os objetivos do caminho do movimento e para manter a chama da
resistência a brilhar e a sua bandeira erguida até que a vitória seja
alcançada”. Esta decisão foi tomada depois de o Hezbollah ter confirmado
na semana passada a morte de Hashem Safiedine, chefe do conselho
executivo do grupo e considerado um dos principais candidatos à sucessão
do clérigo Nasrallah.Israel invadiu o
Líbano após semanas de bombardeamentos e ataques contra o país,
incluindo a explosão coordenada de milhares de aparelhos de comunicação,
depois de quase um ano de combates com o Hezbollah na zona fronteiriça.O Governo libanês calculou que os ataques israelitas iniciados provocaram cerca de 2.700 mortos e de 12.500 feridos.O
Hezbollah começou a bombardear o norte de Israel a partir do sul do
Líbano em apoio ao Hamas, que enfrenta uma ofensiva militar de Telavive
em Gaza desde que atacou solo israelita em 07 de outubro.O Irão apoia o Hezbollah desde a sua fundação, na década de 1980, e o grupo é um dos seus principais aliados na região.Teerão
lidera o chamado "Eixo da Resistência", a aliança informal anti-Israel a
que pertencem, além do Hezbollah, o grupo palestiniano Hamas, os
Huthis, do Iémen, e milícias islâmicas no Iraque e na Síria.