Líder do CDS/Açores acusa deputada Graça Silveira de prejudicar o partido

15 de out. de 2019, 06:48 — Lusa/AO Online

“Numa altura em que o partido a nível nacional atravessa a situação que atravessa, que o partido está numa situação como já não estava há muitos anos, até de sobrevivência, esta atitude da deputada Graça Silveira vem revelar que põe acima dos interesses do partido a sua própria agenda pessoal, o seu interesse pessoal e apenas isso”, afirmou. Artur Lima falava, em declarações aos jornalistas, na Horta, à margem de uma reunião de conferência de líderes do parlamento açoriano, em reação ao anúncio feito horas antes pela deputada Graça Silveira de que iria abandonar o seu grupo parlamentar, por causa da "prepotência" e "perseguição" do líder regional do partido. "Enquanto Artur Lima mantiver esta atitude vingativa e persecutória em relação a uma deputada também eleita pelo seu partido, e enquanto não se esclarecerem um conjunto de preocupantes suspeições que fogem ao controlo democrático do grupo parlamentar, suspendo a minha participação", disse Graça Silveira, em conferência de imprensa.Segundo Artur Lima, o grupo parlamentar centrista, que passa de quatro para três deputados, fica “fragilizado”, numa altura em que o partido a nível nacional “está em farrapos”. “Lamento que assim seja, que se prejudique o partido. Isto prejudica gravemente o partido. É bom que os militantes do CDS saibam disto. O partido sai muito lesado com esta saída, porque perde lugares aqui, perde subvenção no fim do mês”, frisou.A deputada centrista acusou o líder regional do partido de ter tentado impedi-la de exercer as suas funções parlamentares, afastando-a de todas as comissões permanentes e reduzindo ao máximo as suas intervenções em plenário."Assim, a partir de hoje, passarei, de novo, a exercer as minhas funções enquanto deputada, eleita pelo CDS, mantendo a militância no CDS, continuando a cumprir com as minhas obrigações enquanto dirigente regional e nacional do CDS, mas fora do grupo parlamentar presidido pelo deputado Artur Lima", adiantou.Segundo Graça Silveira, esta atitude persecutória surgiu depois de ter assumido publicamente o seu apoio à candidatura de Luís Silveira, presidente da Câmara Municipal das Velas, que é candidato à liderança do CDS-PP/Açores.Artur Lima sublinhou, no entanto, que a deputada do CDS-PP “nunca foi proibida de falar, antes pelo contrário”.“A senhora deputada há mais de seis meses que não aparecia no grupo parlamentar, tinha uma agenda própria, marcava visitas oficiais sem comunicar à direção do grupo e obviamente tiveram de lhe ser impostas regras, que não quis cumprir devido à narrativa que vem fazendo há muito tempo apenas no seu interesse pessoal e político que é de todos conhecido, prejudicando desta maneira o CDS como nunca foi prejudicado”, acusou.O CDS/Açores tem marcado para 07 e 08 de dezembro o seu X Congresso Regional, que irá decorrer na ilha Terceira.Recorde-se que na noite das eleições legislativas nacionais do passado dia 06 de outubro, após serem conhecidos os resultados, o cabeça de lista do CDS à Assembleia da República, Rui Martins, lamentou que nem todos os dirigentes do partido tenham feito campanha ao seu lado, referindo-se, expressamente, a Luís Silveira, a Graça Silveira e a Nuno Melo Alves (presidente da comissão política do CDS da ilha Terceira).