Líder da esquerda avisa que eleições serão determinantes para UE
Itália/Crise
26 de jul. de 2022, 16:11
— Lusa/AO Online
“Nunca
como agora, desde 1948, umas eleições italianas foram tão determinantes
para os equilíbrios europeus”, afirmou o ex-primeiro-ministro, na
abertura dos trabalhos da direção do seu partido.O
PD reuniu para preparar a campanha eleitoral para as
eleições, convocadas na semana passada após a renúncia do
primeiro-ministro, Mario Draghi, que ainda está no cargo.No
seu discurso, Letta alertou para a probabilidade de surgirem dois
blocos na campanha eleitoral: um progressista e centrista, onde se
insere, e outro populista de direita, que juntará o partido Irmãos de
Itália liderado por Giorgia Meloni, a Liga (extrema-direita) liderada
por Matteo Salvini, e o conservador Força Itália, liderado por Silvio
Berlusconi.“O empate não está
contemplado”, assegurou, acrescentando que “ou ganha a Europa
comunitária, do [programa] Next Generation EU, do Erasmus e da
esperança, ou ganha a Europa [do Presidente húngaro, Viktor] Órban, do
[partido espanhol] Vox e da [líder da extrema-direita francesa] Marine
Le Pen”.“Temos de evitar que a Itália seja
vista como aliada de governos como o da Hungria ou o da Polónia e que
defina o objetivo de acabar com o Pacto Verde europeu e de voltar atrás
nos passos fundamentais dados a nível europeu”, defendeu.Letta
optou por fazer uma campanha eleitoral conjunta com os partidos do
bloco que quer criar e destacou que o resultado será conjunto, quer o da
esquerda quer o da direita de Giorgia Meloni, lembrando que a política
de ‘extremos’ lidera todas as sondagens atuais, depois de um ano e meio
de uma coligação de unidade nacional conseguida por Draghi.O
líder do PD, a principal formação de centro-esquerda do país, está a
tentar formar uma grande coligação de partidos progressistas, de centro e
pró-europeus que possam enfrentar a aliança de direita liderada por
Meloni.Para isso, está a negociar com o
partido Azione, do ex-ministro do Desenvolvimento Económico, Carlo
Calenda, com o Italia Viva, do seu ex-correligionário Matteo Renzi, e
com outras pequenas formações.No entanto,
considerou, na semana passada, ser impossível uma colaboração com o
Movimento 5 Estrelas (M5E), a quem culpa pela queda de Draghi ao ter
retirado o seu apoio ao Governo.“O caminho em conjunto foi interrompido e não pode ser retomado”, disse no domingo, em entrevista ao jornal La Repubblica.A
Itália vai realizar eleições legislativas antecipadas em setembro, na
sequência da crise do Governo de unidade nacional de Mario Draghi,
pressionado a renunciar devido ao abandono de três importantes parceiros
da sua coligação: o M5S, a Liga e o Força Itália, que não aprovaram a
moção de confiança ao Governo pedida pelo primeiro-ministro.Segundo
as última sondagens, o Irmãos da Itália e Meloni garantem cerca de 23%
das intenções de voto, à frente do Partido Democrata ((23%) e da
Liga(14%); a formação de Berlusconi, que perdeu alguns dos seus
dirigentes por ter recusado apoio a Draghi, ronda os 8%.
Draghi presidiu a uma coligação de unidade nacional nos últimos 17
meses, desde fevereiro de 2021, quando foi indicado para gerir a crise
da pandemia de covid-19 e a recuperação económica do país, após a queda
do seu antecessor, Giuseppe Conte, líder do M5S, que esteve na base da
atual crise política.A coligação foi
apoiada por praticamente todos os partidos com assento parlamentar, da
esquerda à extrema-direita, exceto pelo movimento ultranacionalista de
Giorgia Meloni.No passado dia 14 de julho,
Draghi anunciou que não queria continuar a governar sem o apoio do M5S,
quando este partido se absteve num primeiro voto de confiança.Nessa
altura, o Presidente italiano, Sergio Mattarella, rejeitou o pedido de
renúncia e pediu a Draghi para tentar novas soluções políticas, com o
devido apoio no parlamento.Na semana
passada, Mario Draghi venceu uma segunda moção de confiança, mas perdeu o
apoio de três dos partidos que apoiavam a sua coligação - o M5S, o
Força Itália e a Liga - o que justificou uma nova visita ao Presidente,
para lhe reiterar o pedido de demissão, que foi aceite, levando à
antecipação das eleições.