Líder comunista acredita que “é possível ir mais longe se CDU tiver mais força”
Açores/Eleições
7 de out. de 2020, 11:50
— Lusa/AO Online
“A valorização dos salários,
os direitos dos trabalhadores, o combate à precariedade, o reforço da
produção regional, seja agricultura, pescas, ou indústria
transformadora, e serviços públicos de qualidade, com acesso a todos os
açorianos”, com prioridade para a saúde e para a educação, mas também
“um setor público empresarial regional a funcionar e a dar um forte
contributo para a economia” são as principais bandeiras da CDU
(PCP/PEV), afirma o coordenador regional do PCP, Marco Varela.Em
entrevista à agência Lusa a propósito das eleições legislativas
regionais, agendadas para 25 de outubro, o candidato comunista lembrou
alguns dos contributos do partido, que elegeu, há quatro anos, um único
deputado, pelo círculo das Flores, afirmando que “é possível ir mais
longe, naturalmente, se a CDU tiver mais força”.“Se
a gente vir, exceto o conjunto de propostas que foram ao encontro
destas questões que levantei, que tiveram a marca do PCP no Orçamento e
Plano Regional, ficou muita coisa por fazer”, considera o dirigente.Na
legislatura que agora termina, o partido contribuiu para “um aumento da
remuneração complementar para os 12%, num quadro em que esta
remuneração complementar não era atualizada pelo menos há nove anos”,
para o “avanço na contratação de assistentes operacionais, a abertura de
200 vagas na educação e na saúde” e “a contratação de 140 professores
para o ensino”, assim como possibilitou “avanços na questão dos manuais
escolares”.“São pequenos avanços,
naturalmente que poderiam ser outros, e a gente tem apresentado um
conjunto de propostas. Com um único deputado, uma representação
parlamentar, fizemos mais de 200 requerimentos, tivemos mais de 34
iniciativas e fizemos mais de 225 propostas em sede de Orçamento e
Plano”, prossegue.Sobre a governação do PS
na região, referindo-se aos últimos quatro anos, o comunista acredita
que “ficou aquém e podia-se ter feito muito mais” e critica,
particularmente, as intenções de privatizar empresas públicas como a
SATA ou a conserveira Santa Catarina, que opera em São Jorge.Marco
Varela lembra que “havia uma intenção por parte do PS, que era a
privatização parcial da SATA que, ao que parece, foi abandonada”,
referindo que o partido sempre esteve “contra”: “E ainda bem que isto
não avança”.“Temos de estar atentos e
continuar a lutar para ter uma empresa como a SATA ao serviço dos
açorianos, ao serviço dos Açores e 100% pública. Se nós não tivéssemos
isto, não se podia ter feito o que se fez relativamente à entrada da
epidemia, da covid-19, e os problemas que daí advêm e ainda as
consequências dela”, acrescenta.Em relação
à conserveira Santa Catarina, afirma que esta “deu uma resposta
excecional, nestes últimos meses”, e considera que a sua privatização
“traria consequências, não só a nível regional, mas também em termos de
economia local”.Questionado sobre as
dificuldades de financiamento a empresas públicas, numa altura em que a
Comissão Europeia investiga a legalidade dos aumentos de capital feitos à
SATA, e depois de a eurodeputada comunista ter denunciado que empresas
como a Santa Catarina não se podem candidatar a fundos comunitários, por
serem públicas, Marco Varela declarou que “o que está mal aqui é a
submissão do país às diretrizes da União Europeia”.“O
que está mal aqui é quando se coloca a soberania de cada país em causa,
porque Portugal é um contribuinte para a União Europeia, como os outros
países, naturalmente, mas quando chega a parte da divisão dessa
contribuição, desse bolo para que todos os países contribuem, essa
divisão nunca é a mais correta”, prossegue.Segundo
o cabeça-de-lista pelos círculos do Corvo e de compensação, se houvesse
“outra União Europeia, um outro tipo de projeto, um outro tipo de
vontade política, relativamente ao país, não se estava a colocar esta
questão do financiamento, seja no país, seja na região”.Para
estas eleições, a CDU, coligação entre o Partido Comunista Português e o
Partido Ecologista ‘Os Verdes’, tem dois objetivos: “aumentar o número
de votos” e aumentar o número de eleitos, permitindo “a constituição de
um grupo parlamentar”.Na região que,
consistentemente, regista os níveis de abstenção mais altos do país, que
nas últimas regionais foram de 59,2%, e numa altura em que a campanha
será, necessariamente, diferente, este fenómeno “combate-se com
propostas concretas, realistas, sem promessas, mas propostas para
cumprir e, por outro lado, com o envolvimento das pessoas nos projetos”,
defende.Além de questões como os direitos
laborais e um setor público mais forte, quer nas suas empresas, quer em
serviços como a saúde ou a educação, ou valorização da produção
regional, na agricultura, pescas e indústria transformadora, a CDU vai
lutar por melhorias nas acessibilidades e pela defesa do meio ambiente.Nas
anteriores legislativas açorianas, o PS venceu com 46,4% dos votos, o
que se traduziu em 30 mandatos no parlamento regional, contra 30,89% do
segundo partido mais votado, o PSD, com 19 mandatos, e 7,1% do CDS-PP
(quatro mandatos).O BE, com 3,6%, obteve dois mandatos, a coligação PCP/PEV, com 2,6%, um, e o PPM, com 0,93% dos votos expressos, também um.