Liberais dizem ser tempo de "pelo menos" cair maioria absoluta do PS
Açores/Eleições
8 de out. de 2020, 10:09
— Lusa/AO Online
“Quatro anos é pouco tempo para implementar
este tipo de planos de programa do governo. Oito anos é o tempo
suficiente, 12 já é tempo a mais, quatro mandatos é tempo demasiado,
cinco um exagero, seis (24 anos) já é do domínio das repúblicas
ibero-americanas ou centro-africanas”, declara Nuno Barata.Em
entrevista à agência Lusa a propósito das eleições regionais dos
Açores, agendadas para 25 de outubro, o responsável da Iniciativa
Liberal afirma que “da mesma forma que em 1996 a sociedade civil, em
geral, insurgia-se contra os 20 anos de quase perpetuação de poder do
PSD, agora é tempo de pôr fim, pelo menos, a uma maioria absoluta do PS,
após 24 anos de governação”.Para Nuno
Barata, PS e PSD são “responsáveis únicos pelo estado a que chegou a
economia dos Açores, na cauda da Europa a todos os níveis”.O
cabeça de lista pelos círculos eleitorais de São Miguel e da
compensação alude ao índice de pobreza nas diferentes ilhas dos Açores,
de forma particular em São Miguel, que afirma ocupar o topo na União
Europeia.O abandono escolar precoce “levou
a região a ser recordista a nível nacional e europeu”, sendo “os níveis
de iliteracia juvenil assustadores”, de acordo com o dirigente. Nuno
Barata, que já foi deputado pelo CDS-PP no parlamento regional, entre
1996 e 2000, recorda que é também nos Açores que se regista o “maior
índice de suicídio na juventude”.Tendo
como uma das suas metas eleitorais “libertar a região, os açorianos, as
empresas da omnipresença do Estado, neste caso a Região Autónoma dos
Açores”, o candidato da Iniciativa Liberal exemplifica que “não é bom
ter uma empresa conserveira com 100% de capital regional a competir com
outras empresas do ramo”.Para o antigo
militante centrista, nos últimos seis meses, de pandemia de covid-19, o
PS/Açores “governou em quase tirania, desrespeitando as entidades
judiciais” e "quem desrespeita os tribunais está pronto para fazer o
mesmo com os órgãos de soberania, incluindo o parlamento regional”.Nuno
Barata acusa ainda o executivo regional socialista de “ter destruído a
SATA, uma ferramenta fundamental para o desenvolvimento dos Açores” e o
PSD de não fazer oposição, quando o Governo dos Açores “o que precisa é
de uma oposição séria, consequente, que seja de facto oposição e não
muleta do executivo”.Para o liberal, no
quadro da autonomia política e administrativa, não se pode “é dar
trunfos aos centralistas para irem cortando poder” aos Açores.“Por
exemplo, aquilo que os governos regionais dos Açores e Madeira fizeram
com as quarentenas obrigatórias é uma afronta à Constituição e ao poder
central, uma violação de direitos, liberdades e garantias dos cidadãos.
Isto não traz coisas boas para a autonomia, bem pelo contrário”, declara
o candidato.De acordo com Nuno Barata,
“qualquer centralista sentado na Assembleia da República, no Palácio de
Belém, no Palácio Ratton [sede do Tribunal Constitucional] ou qualquer
outra instituição da democracia, dirá amanhã, em sede da revisão
hipotética do Estatuto Político-Administrativo dos Açores, que não se
pode ter mais poder porque não se sabe gerir o que é dado,
extravasando-o”.Nuno Barata tem 54 anos, é
casado, licenciado em Estudos Europeus e Política Internacional, gestor
portuário e, além de deputado regional pelo CDS-PP/Açores, foi deputado
municipal em Ponta Delgada.O Iniciativa
Liberal possui nos Açores um núcleo territorial do qual emana o grupo
coordenador, que neste momento é liderado por Nuno Barata, a par de mais
cinco elementos, três de São Miguel e dois da Terceira, círculo por
onde o partido também concorre.O PS governa a região há 24 anos, tendo sido antecedido pelo PSD, que liderou o executivo regional entre 1976 e 1996.Vasco
Cordeiro, líder do PS/Açores e presidente do Governo Regional desde as
legislativas regionais de 2012, após a saída de Carlos César, que esteve
16 anos no poder, apresenta-se de novo a votos para tentar um terceiro e
último mandato como chefe do executivo.Nas
anteriores legislativas açorianas, em 2016, o PS venceu com 46,4% dos
votos, o que se traduziu em 30 mandatos no parlamento regional, contra
30,89% do segundo partido mais votado, o PSD, com 19 mandatos, e 7,1% do
CDS-PP (quatro mandatos).O BE, com 3,6%, obteve dois mandatos, a coligação PCP/PEV, com 2,6%, um, e o PPM, com 0,93% dos votos expressos, também um.Nas
eleições regionais açorianas existem nove círculos eleitorais, um por
cada ilha, mais um círculo regional de compensação que reúne os votos
que não foram aproveitados para a eleição de parlamentares nos círculos
de ilha.