Liberais alertam contra extremismos e recusam trocar princípios por lógicas eleitorais

O líder da Iniciativa Liberal (IL) alertou este sábado contra o aparecimento dos extremismos em Portugal, o que "não é mau, é péssimo", e avisou que o partido não troca o princípio contra discriminações por lógicas eleitorais.


Autor: AO Online/ Lusa

No encerramento, via videoconferência, da V convenção dos liberais, que decorreu em modo digital, João Cotrim Figueiredo recusou "ceder" a fenómenos associados a esse extremismo surgido nos últimos tempos na vida política e que "contribuem para uma estratégia do PS que visa eternizar-se no poder como se não houvesse alternativa".

E, sem nunca mencionar diretamente o Chega, o partido populista e de extrema-direita que elegeu um deputado, Cotrim Figueiredo afirmou ainda que a IL "não ajudará que eleitores sejam olhados como deploráveis", numa referência à forma como eram tratados, nos Estados Unidos, os eleitores de Donald Trump pela candidata derrotada nas presidenciais de 2016, a democrata Hillary Clinton.

No seu discurso, de menos de 20 minutos, o líder e deputado da IL reafirmou a "posição de princípio" de "total repúdio de todas as formas de discriminação que ferem a essência da crença liberal na individualidade e dignidade de cada ser humano", baseadas "na raça, no sexo, na etnia ou na religião".

"Esta posição de princípio não é negociável em qualquer contexto pré ou pós-eleitoral", afirmou.

Os últimos anos e eleições, disse, resultaram em "mudanças no xadrez político", em que o "voto útil é mais inútil, o que é bom e clarifica a escolha das pessoas", mas também "deu lugar a extremismos, o que não é mau, é péssimo".

A Iniciativa Liberal elegeu pela primeira vez um deputado à Assembleia da República nas legislativas de 2019.

Para as autárquicas do próximo ano, a opção do partido é apresentar-se às urnas sozinho, “porque missão é espalhar o liberalismo”, mas Cotrim Figueiredo admitiu “acordos pontuais”, desde que programa e candidatos sejam “liberais”.

Em 2021, a Iniciativa Liberal alertou que “muito se vai falar da TAP”, com a possível injeção de mais 3,1 mil milhões de euros nos próximos anos, e que a companhia aérea “não é essencial à coesão territorial”.

E alertou para os “os coletivistas do Bloco de Esquerda e do PCP irão fazer muita força para nacionalizar os CTT”, cuja concessão de serviço público universal está a terminar.

“Fica já aqui o alerta para voltarmos a ter razão antes de todos: qualquer intenção ou tentação de nacionalizar os CTT será mais um verdadeiro atentado ao bolso do contribuinte”, disse, a exemplo do que diz acontecer com a TAP.

Na frente parlamentar, o líder e deputado da IL anunciou ainda que o partido vai “apresentar propostas legislativas para tornar a violência doméstica um crime público” e recordou que esta medida já aditada aos crimes sexuais contra menores “teve bons resultados”.

Em síntese, Cotrim Figueiredo disse que a alternativa aos partidos como o PS existe e, de um lado, há a escolha “por quem acha que o Estado sabe melhor do que as pessoas o que é melhor para elas” e, do outro, “quem confia nos portugueses e nas escolhas livres que eles possam fazer”.

A convenção (ou congresso) de hoje da IL teve na ordem de trabalhos a eleição dos órgãos dirigentes para os próximos dois anos - conselho nacional, do conselho de jurisdição e do conselho de fiscalização –, mas não a direção e o presidente, João Cotrim Figueiredo, que foi eleito em dezembro de 2019.

A lista L, de Cotrim Figueiredo, para o conselho nacional – principal órgão entre congressos – foi a mais votada, com 259 votos a favor. As outras duas listas, I e D, tiveram 111 votos e 101 votos, respetivamente.

A Iniciativa Liberal foi reconhecida pelo Tribunal Constitucional em 13 de dezembro de 2017.

Nas eleições dos Açores, em outubro, os liberais conseguiram também entrar no parlamento regional, elegendo um deputado.