Levantamento de imunidade a ex-líder do PSD/Açores refere-se a financiamento eleitoral
21 de mai. de 2020, 10:42
— Lusa/AO Online
De acordo
com o parecer divulgado na Internet pela comissão parlamentar de
Assuntos Parlamentares, Ambiente e Trabalho do parlamento dos Açores, o
pedido do Tribunal Judicial da Comarca dos Açores - Juízo de Instrução
Criminal de Ponta Delgada, deu entrada na Assembleia Legislativa da
Região Autónoma dos Açores em 07 de maio.O
pedido de levantamento da imunidade parlamentar de Duarte Freitas,
refere o parecer, foi feito a fim de o social-democrata "ser constituído
arguido e ser interrogado", no âmbito de um processo "que corre termos
no Departamento de Investigação e Ação Penal - 5.ª Secção de Ponta
Delgada, da Procuradoria da República da Comarca dos Açores".O antigo líder do PSD/Açores disse ter pedido precisamente à
Assembleia Legislativa Regional o levantamento da sua imunidade
parlamentar para “esclarecer” e exercer o “contraditório” junto do
Ministério Público sobre as referidas eventuais irregularidades na
campanha eleitoral em 2016.A Entidade das
Contas e Financiamentos Políticos, que funciona junto do Tribunal
Constitucional, fiscalizou as contas das campanhas eleitorais dos
partidos nas legislativas regionais e considerou que “todos os partidos"
com eleitos no parlamento dos Açores, tinham “contas prestadas com
irregularidades”, lembra o social-democrata.“Apesar
de cada partido ter, obrigatoriamente, uma estrutura de campanha, como
presidente do PSD/Açores à altura das eleições de 2016, solicitei o
levantamento da minha imunidade para cabal esclarecimento e
contraditório sobre eventuais irregularidades junto do Ministério
Público”, declarou Duarte Freitas em nota enviada à agência Lusa.Segundo
Duarte Freitas, a sua decisão “prende-se com um objetivo de
transparência e de credibilidade dos políticos” e para “dar o exemplo de
como devem ser encaradas estas questões”.No
relatório da Entidade das Contas e Financiamentos Políticos relativo às
contas da campanha eleitoral, apresentadas pelo PSD, para as eleições
da Assembleia Legislativa dos Açores, realizadas a 16 de outubro de
2016, concluiu-se que “há ações e meios não refletidos nas contas de
campanha”, numa “eventual subavaliação de despesas e receita”.O
relatório aponta que “não foi disponibilizada ao Tribunal
Constitucional a prova do encerramento da conta bancária”, nem todos os
extratos bancários, tendo-se “verificado a existência de despesas pagas
por terceiros”.O PPD-PSD, no âmbito das
atividades desenvolvidas na campanha eleitoral, registou uma receita de
441.391,03 euros e uma despesa no montante de 495.752,98 euros, o que
revela um resultado negativo de 54.361,95 euros.Em
2012, na anterior eleição para a Assembleia Legislativa dos Açores,
ocorrida em 14 de outubro de 2012, a receita e a despesa total foram de
938.737,91 euros, sendo que o financiamento das despesas da campanha foi
assegurado através de subvenção estatal de 226.288,92 euros e por
contribuições do partido, no montante de 215.102,11 euros. Duarte Freitas foi eleito líder do PSD/Açores em dezembro de 2013, tendo abandonado a presidência do partido em outubro de 2018.