Letras Lavadas lança edição de luxo da obra do historiador açoriano Gaspar Frutuoso
15 de nov. de 2022, 18:19
— Lusa/AO Online
Gaspar Frutuoso
nasceu em Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, em 1522, e faleceu na
Ribeira Grande, a 24 de agosto de 1591, tendo sido historiador e
sacerdote, comemorando-se, em 2022, 500 anos sobre o seu nascimento.Possuía
o bacharel em Artes e Teologia pela Universidade de Salamanca e era
doutor em Teologia, tendo-se destacado pela autoria da obra “Saudades da
Terra, onde descreve com rigor a histórica e geografia dos arquipélagos
dos Açores, Madeira, Canárias e Cabo Verde.A
editora açoriana Letras Lavadas vai lançar, para assinalar a publicação
de 500 livros, um ‘fac-simile’ do manuscrito das “Saudades da Terra” e
das escassas folhas das amputadas “Saudades do Céu”, constantes em
códice depositado na Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Ponta
Delgada. A reprodução do manuscrito, em
1.184 páginas, inclui uma introdução e palavras prévias do Presidente da
República, Marcelo Rebelo de Sousa, a par dos presidentes de Cabo Verde
e dos governos da Regiões Autónomas dos Açores, da Madeira e das
Canárias.Marcelo Rebelo de Sousa refere no
seu contributo para o livro que, “em vez de descrever longes terras,
desconhecidas ou míticas, Gaspar Frutuoso dedicou-se a essas ilhas
atlânticas, mais próximas do que o Oriente, mas distantes para aquele
tempo”.“São viagens (quase) ao pé da
porta, como diria Vitorino Nemésio, textos com um saber de experiências
feito, redigidos com minúcia de geógrafo ou naturalista e mestria de
escritor”, refere o Presidente da República.De
acordo com Marcelo Rebelo de Sousa, a obra merece um “agradecimento,
porque disponibiliza de novo um clássico que, sendo motivo de justo
orgulho açoriano, pertence por inteiro à linhagem das grandes crónicas
portuguesas e europeias”.José Maria
Pereira Neves, presidente da República de Cabo Verde, que destaca o
legado deixado por Gaspar Frutuoso sobre o arquipélago, questiona se
"não fará sentido uma coleção intitulada de ‘Fontes Documentais para a
História da Macaronésia” e mesmo uma História Geral da Macaronésia?”.Ángel
Víctor Torres, presidente do Governo das Canárias, considera, no seu
contributo, que os 500 anos do nascimento de Gaspar Frutuoso constituem
“uma ocasião imemorável para homenagear este visionário, de espírito
renascentista”.“Há cinco séculos, viu o
que o nos une antes do que nos separa, as oportunidades antes das
desvantagens, com base na sua visão humanista, positiva e construtiva do
território que compartilhamos, que é a Macaronésia”, declara Ángel
Víctor Torres.Miguel Albuquerque,
presidente do Governo Regional da Madeira, aponta que o seu legado é
“por todos reconhecido como o mais importante repositório, não só de
história, mas também enquanto fonte de inesgotável e valiosíssima
informação sobre o quotidiano das gentes insulares”.José
Manuel Bolieiro, presidente do Governo dos Açores, diz que a obra de
Gaspar Frutuoso “é uma referência de conhecimento, que importa preservar
e celebrar, através da vivência dos seus escritos, que continuam sendo
um registo de grande pertinência para a atualidade, tendo em conta o
conhecimento histórico, geográfico e botânico dos Açores e da
Macaronésia”.A introdução da obra está a
cargo do historiador e docente da Universidade dos Açores, Avelino
Menezes, que considera que as comparações com Heródoto ou com Alexandre
Herculano, “referências europeia e portuguesa da emancipação da
História, no mínimo, equiparam Frutuoso essencialmente a um
proto-historiador”. A obra do historiador,
cujos 500 anos do nascimento estão a ser assinalados este ano, será
lançada no Núcleo de Arte Sacra do Museu Carlos Machado, em Ponta
Delgada.