Lesados do BES manifestam-se hoje no Porto
28 de dez. de 2017, 07:59
— Lusa/AO Online
“Não
queremos 20%, nem 50%, nem 75%, queremos o que fraudulentamente nos
roubaram”, afirma o Grupo de Lesados do Papel Comercial e Lesados
Emigrantes em comunicado, no qual sublinha que “os protestos vão
continuar até que devolvam na íntegra aquilo que extorquiram
vergonhosamente dentro de um banco que garantia segurança máxima”.A
manifestação está marcada para as 11:00, nas imediações do balcão do
Novo Banco e do Banco de Portugal, na Avenida dos Aliados, e a nota
dirigida à imprensa é assinada por quase centena e meia de pessoas.“A
solução de pagamento aos lesados do BES é outra fraude se vier a ser
aprovada, quem nos deve é o Novo Banco [NB] que tem as nossas contas,
devem 100% o dinheiro que entregamos aos gestores. NÃO QUEREMOS 20% nem
50% nem 75%, QUEREMOS o que fraudulentamente nos roubaram”, lê-se no
comunicado.“O
Banco de Portugal determinou expressamente ao BES a criação de uma conta
Escrow, este é um momento chave que dispensou os clientes de irem
levantar o capital e garantia o reembolso dos clientes. Os clientes de
retalho tinham essa carta de conforto”, referem os lesados, que lamentam
que o Novo Banco tenha usado “as provisões para outros fins”.Na
nota de imprensa acrescentam: “O NB trabalha há mais de 3 anos com o
dinheiro que nos pertence, contra a nossa vontade e tem
responsabilidades nas vidas destruídas, nas mortes que estão a ocorrer
devido a esta vigarice, e nos danos morais que incompreensivelmente ao
apoderar-se da provisão destinada a ressarcir os clientes de retalho têm
sujeitado as vítimas desse roubo”. “A
resolução de um banco deve ser feita, de forma a produzir ao mínimo os
danos morais, não é o que aconteceu, nem está acontecer”, sublinham,
apelando ao "bom senso" do Governo, do Banco de Portugal (BdP) e dos
responsáveis do Novo Banco.Na
passada quinta-feira o Governo confirmou que a primeira parte da
indemnização aos lesados do papel comercial do BES vai ser assegurada
diretamente com dinheiro do Estado, de cerca de 140 milhões de euros,
prevendo-se que aqueles clientes recebam estas compensações em abril.O
Governo propôs alterar parte do desenho da solução para os clientes do
antigo BES com papel comercial do Grupo Espírito Santo (GES): em vez de
prestar uma garantia estatal ao fundo de recuperação de crédito para
este se financiar junto da banca de modo e poder pagar aos lesados, como
tinha sido inicialmente negociado, o Estado prepara-se para emprestar
diretamente dinheiro ao fundo.O
BES, tal como era conhecido, acabou em 03 de agosto de 2014, quatro
dias depois de apresentar um prejuízo semestral histórico de 3,6 mil
milhões de euros.O
Banco de Portugal, através de uma medida de resolução, tomou conta da
instituição fundada pela família Espírito Santo e anunciou a sua
separação, ficando os ativos e passivos de qualidade num ‘banco bom',
denominado Novo Banco, e os passivos e ativos tóxicos no BES, o ‘banco
mau' (‘bad bank'), sem licença bancária.