Lesados do Banif esperam que PR “dê empurrão” e ajude a encontrar solução
19 de nov. de 2018, 17:29
— Lusa/AO Online
Uma
delegação dos lesados do Banif, representados pela associação Alboa,
foi recebida esta tarde na Presidência da República pelo assessor para
os Assuntos Económicos e Orçamentais, Hélder Reis.Falando
à agência Lusa no final do encontro, o presidente da Alboa, Jacinto
Silva, explicou que “esta reunião veio na sequência de uma manifestação
no Funchal, na última visita do senhor Presidente” da República à
Madeira e serviu “para fazer um ponto de situação sobre os
desenvolvimentos que existiram”.“O
dr. Hélder Reis irá fazer um relatório para o senhor Presidente e
esperamos que ele [Marcelo Rebelo de Sousa], dentro das suas funções,
consiga, junto do senhor primeiro-ministro, dar mais um empurrão a esta
causa”, acrescentou o responsável.Afirmando
esperar que esta seja “mais uma ajuda para uma solução”, Jacinto Silva
notou que os lesados do Banif estão “praticamente a atingir os três anos
da resolução” do banco sem que tenham sido ressarcidos de qualquer
verba.“O que defendemos é que haja justiça e equidade”, vincou, aguardando por “uma fase negociação”.Já
questionado sobre montantes, Jacinto Silva disse ser “prematuro
estabelecer um valor porque pode não corresponder à realidade”.“No
entanto, julgamos, pela nossa experiência, que os montantes são
significativamente inferiores aos que têm sido referidos, nomeadamente
pela CMVM [Comissão do Mercado de Valores Mobiliários]”, acrescentou,
falando numa verba “limite” de 200 milhões de euros, isto relativamente
aos obrigacionistas não qualificados.Em
dezembro de 2014, o Banif foi alvo de uma medida de resolução por
decisão do Governo e do Banco de Portugal, levando a que vários milhares
de clientes e investidores se considerassem lesados.A
Alboa tem dito que entre os lesados do Banif estão muitos clientes de
poucas habilitações que, persuadidos pelos comerciais do banco,
transferiram poupanças de depósitos para obrigações.Entre
os lesados estão cerca de 3.500 obrigacionistas, grande parte das
regiões autónomas da Madeira e dos Açores, mas também das comunidades
portuguesas na África do Sul, Venezuela e Estados Unidos, num total de
perdas de 263 milhões de euros. Além
destes, há ainda a considerar 4.000 obrigacionistas da Rentipar
('holding' através da qual as filhas do fundador do Banif, Horácio
Roque, detinham a sua participação), que investiram 65 milhões de euros,
e ainda 40 mil acionistas, dos quais cerca de 25 mil são oriundos da
Madeira.Parte
da atividade do Banif foi adquirida pelo Santander Totta por 150 milhões
de euros, tendo sido ainda criada a sociedade-veículo Oitante, para
onde foi transferida a atividade bancária que o comprador não adquiriu.Em
junho passado, o Banco de Portugal pediu a liquidação judicial do Banco
Internacional do Funchal (Banif), na sequência da revogação pelo Banco
Central Europeu (BCE) da autorização para o exercício da atividade.A comissão liquidatária é constituída por José Manuel Bracinha Vieira, Carla Sofia Rebelo e João Luís Figueira.A Alboa representa um total de 1.600 obrigacionistas não qualificados.