Lesados do Banif consideram "proveitosa" reunião de hoje com CMVM

Os lesados do BANIF saíram hoje satisfeitos da reunião com a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), que consideraram "proveitosa", mas sem resposta sobre as reclamações de vendas fraudulentas de produtos financeiros de que dizem terem sido vítimas.


Autor: Lusa/AO Online


“Foi uma reunião proveitosa, mas há ainda um longo caminho a percorrer”, disse o presidente da Associação dos Lesados do Banif (Alboa), Jacinto Silva, à Lusa, resumindo o encontro desta manhã com a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), o terceiro com esta entidade, mas o primeiro com a presidente da CMVM, Gabriela Figueiredo Dias.

“Sermos recebidos pela presidente demonstra interesse e empenho em esclarecer esta situação”, acrescentou Jacinto Silva.

Sobre a reunião, a CMVM não acrescenta quaisquer declarações, revelou à Lusa fonte da comissão, mas a ALBOA afirma que ambas as entidades ficaram “cada uma de fazer algum trabalho”.

E, “dentro de algum tempo, que esperamos que seja breve”, será marcada nova reunião, acrescentou o presidente da Alboa.

Os lesados do Banif queixam-se, nomeadamente, das vendas de obrigações pelo banco, já quando este era maioritariamente detido pelo Estado, considerando a Alboa que houve "vendas extremamente agressivas e ardilosas por parte dos comerciais bancários” e que há “documentos internos a provarem estas práticas”.

O regulador dos mercados financeiros tem-se queixado, contudo, da dificuldade em aceder à documentação que os clientes assinaram (boletins de inscrição ou fichas de adequação do produto ao perfil do cliente), que poderia provar se houve ou não vendas fraudulentas.

Em julho, a presidente da CMVM disse, no parlamento, que pediu inicialmente esses documentos ao 'Banif mau' (entidade que continua a existir após a resolução do banco, à espera de entrar em liquidação), que deu indicação de que não os tinha, e que, entretanto, entrou em contacto com o Fundo de Resolução (entidade gerida pelo Banco de Portugal, que determinou a resolução do Banif).

O Banif foi alvo de uma resolução em dezembro de 2015, por decisão do Governo e do Banco de Portugal, que resultou na venda da atividade bancária ao Santander Totta por 150 milhões de euros e a criação da sociedade-veículo Oitante que recebeu os ativos que o Totta não comprou.