Justiça
Leonor Cipriano tem características psicopáticas e tendêncais suicidas
O psicólogo Paulo Sargento admitiu em tribunal, na quinta sessão do julgamento das alegadas agressões a Leonor Cipriano, que a assistente neste processo tem características psicopáticas e propensão para o suicídio.

Autor: Lusa/AOonline
O processo das alegadas agressões a Leonor Cipriano por inspectores da Polícia Judiciária (PJ), está relacionado com o denominado "caso Joana", que remonta a 12 de Setembro de 2004, dia em que a menina, de oito anos, desapareceu da aldeia de Figueira, Portimão, Algarve.

    Segundo Paulo Sargento, especialista em psicologia legal e responsável pelo relatório pericial do Instituto de Medicina Legal sobre a mãe de Joana, realizado após o desaparecimento da menina, este documento indica que a assistente neste processo é uma pessoa com características "psicopáticas", "frieza afectiva", "com traços de baixa socialização", com "propensão para mentir e enfabular", com "traços de omnipresença" e que "não respeita o bem-estar dos outros", disse.

    O psicólogo disse mesmo que se pode classificar Leonor Cipriano como uma pessoa "agressiva", "desregrada de valores", "dissimulda" e que "não se preocupa com a verdade".

    Durante a sessão do julgamento, o advogado do arguido Gonçalo Amaral perguntou ao psicólogo Paulo Sargento se uma pessoa com as características de Leonor Cipriano "podia ou não tentar o suicídio", ao que o especialista respondeu que sim e que a mãe de Joana tinha "propensão para o suicídio".

    O advogado de Gonçalo Amaral, António Cabrita, pediu ao tribunal para que o depoimento prestado pela testemunha Paulo Sargento fosse entendido como "objecto de prova" por ter "demonstrado conhecimento directo sobre factos".

    Em declarações aos jornalistas à saída da sessão da manhã do julgamento, o jurista José Preto, e membro da ACED (Associação Contra a Exclusão pelo Desenvolvimento), frisou que o relatório técnico realizado a Leonor Cipriano foi feito na altura em que ela era arguida e não assistente" e por esse motivo desvalorizou o "parecer", referindo que haveria sempre uma "dúvida processual", porque o resultado é uma "probabilidade".

    No rol de testemunhas também foi hoje ouvida Osvalda Conselos, reclusa no Estabelecimento Prisional de Odemira na altura em que Leonor Cipriano estava em prisão preventiva no mesmo local, que disse em tribunal que quando Leonor Cipriano chegou à cadeia com lesões disse sempre que "tinha caído pelas escadas".

    Questionada pelo juiz se alguma vez tinha ouvido Leonor Cipriano comentar que ia pedir uma indemnização pelas alegadas lesões, Osvalda Conselos recordou que chegou a escutar da voz de Leonor: "Mas eu caí pelas escadas, vou agora dizer que me deram porrada!".

    As acusações do Ministério Público contra cinco inspectores e ex-inspectores da Judiciária surgiram na sequência dos interrogatórios na PJ de Faro em 2004, altura em que Leonor terá aparecido com lesões na cara e no corpo no Estabelecimento Prisional de Odemira, onde estava em prisão preventiva.

    Três inspectores são acusados de crime de tortura, um é acusado de não ter prestado auxílio e omissão de denúncia e um quinto é acusado de falsificação de documento.

    A mãe de Joana, Leonor Cipriano, e o tio, João Cipriano (ambos irmãos), estão condenados pelo Supremo Tribunal de Justiça a 16 anos de prisão cada um, pelos crimes de homicídio e ocultação de cadáver da criança.

    O julgamento prossegue esta segunda-feira à tarde e continua na próxima quinta-feira, dia 27.