Leitores das universidades portuguesas exigem integração nos quadros
26 de out. de 2017, 16:09
— Lusa/AO online
De
acordo com a Federação Nacional dos Professores (Fenprof), há cerca de
150 leitores a nível nacional e deveriam já ter sido integrados 50
profissionais que se mantêm a contrato, alguns com 30 anos de serviço. Junto
ao ministério do Ensino Superior, em Lisboa, os docentes aprovaram uma
resolução em que criticam o atraso na resolução do problema e explicam
que para evitar perder o emprego tiveram de aceitar contratos a tempo
parcial ou passar ao estatuto de professor convidado. Alguns tiveram de mudar de instituição, outros mantêm-se no mesmo local, com sucessivos contratos anuais. Junto
aos professores, que lecionam em cursos de línguas, o secretário-geral
da Fenprof, Mário Nogueira, defendeu ser este o momento para insistir
numa questão que quer ver resolvida no âmbito do Orçamento do Estado
para 2018. "Se deixarmos ficar para 2019, acaba a legislatura e
fica tudo na mesma", disse junto ao grupo de leitores que exibia uma
faixa com a inscrição "Contratados a Termo do Ensino Superior. Contra a
Precariedade". Eulalie Pereira, uma das leitoras que participou
no protesto, tem 55 anos, está desde 1993 na Faculdade de Letras da
Universidade de Coimbra a lecionar língua francesa na licenciatura de
Línguas Modernas e tradução no mestrado de Tradução. São 12 horas
por semana no âmbito de um contrato integral com dedicação exclusiva.
Tem dupla nacionalidade, dois filhos e uma vida de "grande incerteza",
devido às renovações anuais do contrato a que está sujeita. À Lusa contou que se conseguir a integração no quadro faz "uma festa".
"É uma garantia, para mim e para os meus filhos, de que vou ter
trabalho até ir para a reforma", afirmou, explicando que a integração
não acarreta mais dinheiro, nem mudança de categoria profissional. Estes
professores não estão abrangidos pelo Estatuto da Carreira Docente
(ECD), pelo que a federação sindical tem procurado uma solução que
permita a sua integração junto da tutela. Ao lado, um colega que
deixou a Grã-Bretanha em 1985 para se instalar em Portugal, onde casou
com uma portuguesa, teve dois filhos e comprou casa. "Mais precário não podia ser. Há 32 anos!", disse à Lusa John H., 58 anos, quando questionado sobre a sua situação. Dá
aulas de tradução, escrita criativa, estudos canadianos e língua
inglesa na Universidade de Coimbra, também regime de exclusividade, com
contratos sucessivamente renovados. Não tenciona sair de Portugal: "Toda a minha vida está aqui". O
ministro, Manuel Heitor, disponibilizou-se para receber uma delegação
dos manifestantes que hoje se concentraram em silêncio junto ao Palácio
das Laranjeiras, no final da reunião semanal do Conselho de Ministros. Segundo
Mário Nogueira, existe vontade para resolver a questão no âmbito da
tutela, mas tem havido oposição do Ministério das Finanças.