Lei pode ficar pronta em dezembro e seguir para Marcelo antes das presidenciais
Eutanásia
30 de nov. de 2020, 11:35
— Lusa/AO Online
À Lusa, a deputada do
PSD Mónica Quintela, coordenadora do grupo de trabalho sobre a
despenalização da morte medicamente assistida, admitiu que a discussão
na especialidade esteja “concluída no decurso de dezembro”.Findo
o processo de aprovação do Orçamento do Estado, na semana passada, para
quarta-feira está prevista uma reunião do grupo de trabalho para
discutir o calendário da votação indiciária (ou indicativa) da lei que
está a ser feita no parlamento a partir dos projetos aprovados, na
generalidade, em fevereiro, do Bloco de Esquerda,
Pessoas-Animais-Natureza (PAN), PS, Partido Ecologista “Os Verdes” (PEV)
e Iniciativa Liberal (IL).Isabel Moreira,
do PS, é a autora do texto de substituição, vários partidos já fizeram
propostas de alteração e agora segue-se o debate, artigo a artigo,
alínea a alínea.Os diplomas preveem,
nomeadamente, que só possam pedir a morte medicamente assistida, através
de um médico, pessoas maiores de 18 anos, sem problemas ou doenças
mentais, em situação de sofrimento e com doença incurável.À
direita, o CDS e o Chega são contra a lei e, à esquerda, o PCP também.
No PSD há divisões e no PS, maioritariamente a favor, também.Depois
do grupo de trabalho, as votações indiciárias terão de ser ratificadas
na comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e
Garantias, antes de a nova lei subir a plenário para a votação final
global.Dependerá do ritmo a que o grupo de
trabalho funcionar, mas deputados ligados ao dossiê disseram à Lusa ser
possível fazer a votação final global do diploma até ao fim do mês de
dezembro ou no início de janeiro.Prolongando-se
o calendário até dezembro, é possível que o Presidente da República,
Marcelo Rebelo de Sousa, tenha de decidir a dias ou semanas das eleições
presidenciais, marcadas para 24 de janeiro de 2021.Se
e quando o diploma chegar ao Palácio de Belém, Marcelo, católico
praticante, tem oito dias para decidir se envia a lei para apreciação do
Tribunal Constitucional - um recurso que o Presidente raramente usou em
cinco anos de mandato, embora o tenha feito com o diploma das chamadas
"barrigas de aluguer".Caso não seja essa a
sua opção, constitucionalmente o chefe do Estado tem 20 dias para uma
de duas decisões: vetar ou promulgar a lei.Depois
de, em 2018, ter feito apelos a um grande debate nacional sobre o tema,
Marcelo Rebelo de Sousa tem sido parco em comentários ao assunto.Fica,
porém, para memória futura o que Marcelo disse numa entrevista ao
Público e à Rádio Renascença, publicada em 07 de maio de 2018.Questionado
sobre o processo legislativo da eutanásia e se, neste caso, a "sua
opinião pessoal sobre as matérias não se sobreporá à decisão do
Parlamento", afirmou: "O veto político não será uma afirmação de
posições pessoais, representará a análise que o Presidente da República
fará do estado de situação na sociedade portuguesa no momento em for
solicitado a ponderar se promulga ou não.""Tenho
adotado este critério em todas as circunstâncias em que vetei
politicamente. Se tiver dúvidas de constitucionalidade suscitarei
fiscalização preventiva, se não tiver, nem de constitucionalidade nem de
natureza política, promulgarei", acrescentou.