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Legislativas: Pedro Nuno diz que terminou a sua vida política partidária

O ex-líder do PS Pedro Nuno Santos afirmou que a sua “vida política partidária termina”, assegurando não estar arrependido do chumbo da moção de confiança ao Governo por considerar que “numa democracia avançada” Luís Montenegro não seria primeiro-ministro.


Autor: Lusa

“Já não sou secretário-geral. Termino aqui um percurso de muitos anos de dedicação ao PS e ao país”, disse aos jornalistas à saída da Comissão Nacional do PS, considerando que tentou “fazer o melhor que sabia pelo povo português”.

O ex-secretário-geral do PS disse que agora “a vida política partidária termina” e que ainda não tomou uma decisão sobre o seu lugar de deputado.

Quanto a um eventual arrependimento por ter chumbado a moção de confiança ao Governo, que culminou nas eleições com a pesada derrotada do PS, Pedro Nuno Santos respondeu: “não só não estou nada arrependido, como tenho muito orgulho de, num momento crucial, ter sido sério e ter defendido a decência na política em Portugal”.

“Eu não fui calculista quando avancei para a liderança do partido e não fui calculista quando decidi que nós não podíamos dar confiança a Luís Montenegro. Mantenho aquilo que sempre defendi, porque acho que é a posição correta e a atitude correta que um político decente deve ter perante o seu povo, o seu país e a democracia”, enfatizou.

Para o ex-líder do PS, “numa democracia avançada e qualificada, o atual primeiro-ministro não era primeiro-ministro”.

“Não tem as condições éticas mínimas para liderar um governo. Eu achava isso na altura em que se votou a moção de confiança, acho isso hoje e dificilmente não acharei no futuro porque aquilo que nós já sabemos é suficiente para que alguém com o passado de Luís Montenegro não seja primeiro-ministro”, insistiu.

Questionado sobre se já tinha feito a reflexão sobre os maus resultados do domingo, Pedro Nuno Santos defendeu que se podem encontrar "explicações mais simples e imediatas" que vão desde "a responsabilidade é do candidato, é das listas, é do projeto ou é do discurso, ou é das medidas".

"Há uma análise muito mais profunda que tem que ser feita. O Partido Socialista governou 22 de 30 anos, foram anos muito importantes os governos do Partido Socialista, de transformação social e económica do país, mas nós não podemos ignorar que há uma quantidade muito grande de portugueses que sentem que a sua vida não ata nem desata, está a marcar passo", apontou.

Para o ex-líder socialista, há "um trabalho de reflexão muito grande" a fazer.

"E depois há um tema sobre o qual o Partido Socialista também tem que refletir seriamente. Eu comecei a fazer esse trabalho, que é sobre a imigração e sobre o que significa a imigração porque o país precisa de trabalhadores estrangeiros para crescer", referiu.

Na opinião do ex-líder do PS, é preciso "reconhecer o que correu bem e reconhecer o que correu mal".

"Só recuperaremos a confiança dos portugueses quando os portugueses sentirem que nós percebemos o que é que correu mal", antecipou.

Sobre o facto de, pelo menos até agora, só haver uma candidatura à sua sucessão, que é a de José Luís Carneiro, Pedro Nuno Santos recordou que quando o PS terminou um ciclo de oito anos e meio, "sabia que naquele momento tinha de avançar, mesmo que os livros dissessem que não era o timing para se avançar para a liderança de um partido".

"A política é assim. Nós temos que avançar para defender aquilo em que nós acreditamos, independentemente dos timings", atirou.

"Havendo apenas uma candidatura, pelo menos até este momento, o Partido Socialista não fica e não pode ficar impedido de fazer todo o debate que deve fazer, toda a reflexão sobre o passado, o presente e o futuro", disse ainda, considerando que uma das características do PS "é não triturar nem líderes nem dirigentes".