Legislação laboral em Portugal segue modelo "clássico" e está desfasada da realidade
9 de out. de 2024, 11:28
— Lusa/AO Online
"Temos uma
legislação laboral, que, em grande medida, ainda é ancorada no modelo de
trabalho presencial e clássico" com "horários muito estritos" e
"regulares", afirmou Maria do Rosário Palma Ramalho, que discursou na
conferência "O Futuro do Trabalho: 50 anos depois de Abril”, organizada
pelo Inatel e pelo jornal Público, que decorreu no Teatro da Trindade,
em Lisboa. Segundo a ministra, "a maioria
das empresas" segue um modelo de trabalho "tradicional" com pouca
flexibilidade, que não se adapta às exigências atuais dos jovens para
quem "o trabalho é muito importante, mas não é tudo na vida" e que
valorizam a flexibilidade. A governante
nota ainda que em Portugal "apenas um milhão de pessoas usa a ferramenta
do teletrabalho" e que "apenas 500 mil pessoas têm um regime de
trabalho híbrido". "Esse paradigma
está cada vez mais desfasado da realidade", defendeu Maria do Rosário
Palma Ramalho, apontando que "tanto assim é que, quando a legislação
laboral abre a regulação a novas formas de trabalho" como o
teletrabalho, há "um preconceito de mimetizar um regime de trabalho
presencial". "Muitas empresas que praticam
o trabalho híbrido têm muita dificuldade em aplicar as normas legais
sobre o teletrabalho porque elas estão pensadas para um teletrabalho
substitutivo do trabalho presencial", acrescenta.No
comentário final desta conferência, a governante sublinhou ainda que
"sem jovens uma sociedade não cresce e não se regenera" e que "o futuro
de Portugal depende dos jovens e da sua vontade de ficar" no país, pelo
que o "Governo tudo fará para que essa vontade se concretize". A
ministra elencou ainda que o acordo tripartido de valorização salarial e
crescimento económico assinado com as quatros confederações
empresariais e com a UGT tem "um conjunto de medidas que são importantes
para os jovens", dando como exemplo "o princípio da descida do IRS
Jovem", "por outro lado, tem conjunto de medidas dirigidas às empresas"
que são igualmente relevantes, dado que são estas que garantem
"condições de empregabilidade" para que os jovens fiquem no país,
defendeu. Maria do Rosário Palma Ramalho
indicou ainda que este acordo foi "negociado e assinado em condições
políticas muito adversas", dado que o Governo não tem maioria
parlamentar, e está "próximo de uma discussão orçamental", cujo
resultado é ainda "incerto".