Lancha "Espalamaca" recuperada para “museu vivo” e formação

O presidente do Governo Regional dos Açores, José Manuel Bolieiro, disse que a lancha "Espalamaca" deverá voltar a navegar no verão do próximo ano como “museu vivo” e com uma vertente formativa.


Autor: Lusa/AO Online

“Espero que no verão do ano que vem possamos ter a ‘Espalamaca’ não só recuperada, mas a navegar”, disse hoje José Manuel Boleiro aos jornalistas, no porto de Santo Amaro, no concelho de São Roque do Pico, na ilha do Pico.

O presidente do Governo açoriano (PSD/CDS-PP/PPM), que presidiu à cerimónia de cedência de gestão da lancha “Espalamaca” à Associação para o Desenvolvimento e Formação do Mar Dos Açores (ADFMA), salientou que o seu executivo resgatou “um património que é a identidade do canal” e que, “por empenho cívico e político, agora se transforma numa realidade”.

“Por isso, é que tive a oportunidade de dizer [no discurso] que, com este Governo, estamos a passar de um sonho a uma expetativa. Daí ter assumido um encargo cronologicamente definido. Espero que no verão do ano que vem possamos ter a ‘Espalamaca’ não só recuperada, mas a navegar”, declarou.

Numa declaração enviada à Lusa, explicou que o objetivo anunciado é “outra referência diferenciadora do que eram perspetivas antigas”: “Que era apenas [a lancha] ser um museu de memória. E, vai passar a ser um museu, mas um museu vivo de ação e navegabilidade”.

Segundo Bolieiro, com o acordo estabelecido com a ADFMA e com a ajuda da Escola do Mar, a “Espalamaca” passa a ser “não só um elemento de formação” profissional como também “uma oportunidade turística”, porque vai navegar e fará parte de um roteiro turístico.

“Navegando e dando formação, igualmente pode ser, num roteiro turístico, a afirmação desta identidade como museu vivo. Isto é, permitir uma narrativa aos visitantes e aos turistas que, a passear, (…) não só conhecem a história, a identidade do canal, como igualmente têm uma experiência de fruição marítima à moda de gerações mais antigas”, disse o responsável no discurso proferido na cerimónia.

A embarcação foi hoje transportada para os estaleiros da empresa NavalCanal, na vila da Madalena, na ilha do Pico, para que seja submetida ao processo de reabilitação.

Os encargos com o projeto andam “à volta das duas centenas de milhares de euros” e o investimento “vale a pena”, admitiu o presidente do Governo Regional dos Açores.

A "Espalamaca" foi construída nos estaleiros navais de Santo Amaro, no Pico, e começou a operar a partir da década de 50 do século passado, tendo sido retirada do serviço na década de 90, numa altura em que se encontrava já em avançado estado de degradação.

A 13 de junho, no parlamento açoriano, o deputado único da Iniciativa Liberal, Nuno Barata, criticou o “escandaloso” atraso que se tem verificado na recuperação da lancha “Espalamaca” (antiga embarcação construída em madeira, destinada ao transporte de passageiros entre as ilhas do Faial, Pico e São Jorge), que está a “apodrecer” no porto de Santo Amaro do Pico.

Na ocasião, o secretário regional do Mar e das Pescas, Manuel Humberto São João, explicou que a estimativa dos custos de recuperação da lancha apontava para um investimento total de 200 mil euros, parte dos quais financiados por donativos recolhidos pela Associação de Amigos do Canal.