Lançado projeto para contabilizar aves marinhas na Madeira e Açores gravando sons

5 de jun. de 2020, 20:12 — Lusa/AO Online

Este projeto é desenvolvido também para assinalar o Ano Internacional do Som, com base no Seabird Macaronesian Sound - LIFE4BEST, lançado pela SPEA e financiado pelo LIFE, um instrumento da União Europeia que apoia projetos de conservação ambiental e da natureza.A informação divulgada salienta que “os investigadores vão usar os sons produzidos pelas aves marinhas para determinar quantas são e onde estão” nos arquipélagos da Madeira e dos Açores.A coordenadora Cátia Gouveia disse à agência Lusa que o projeto será desenvolvido a partir deste mês e tem a duração de 14 meses, terminando em julho do próximo ano. O objetivo é “fazer um ponto de situação das populações de roque-de-castro, painho-de-monteiro, patagarro e pintainho”.A informação recolhida, segundo a SPEA, é determinante para depois “definir planos de ação para a conservação destas espécies nos arquipélagos dos Açores e da Madeira”.Cátia Gouveia explicou que estas aves marinhas “fazem colónias em escarpas inacessíveis”, onde dificilmente é possível contá-las, mas o som pode ser ouvido a longa distância: o painho, por exemplo, é audível a 200 metros e um estapagado ou um frulho a 700 metros.Por isso, “gravando os sons, um investigador experiente consegue estimar quantas aves estão numa colónia, sem as perturbar”, acrescentou.Os investigadores envolvidos vão recorrer a amplificadores e gravadores para registar os sons das aves, o que vai permitir “verificar que espécies estão presentes”.Cátia Gouveia referiu que, “com base na frequência dessas vocalizações”, é possível “fazer estimativas do número de aves na colónia”, assegurando que “este método permite estudar as colónias inacessíveis de forma mais rápida, segura e barata”.A SPEA sublinha a necessidade de treino e experiência dos investigadores para estarem aptos a contar as aves apenas pelo som que produzem, pelo que o Seabirds Macaronesian Sound tem “uma forte componente de capacitação e formação, para que mais técnicos e investigadores fiquem aptos a conduzir este tipo de contagem”.A coordenador da SPEA salientou que “este método foi utilizado pelo investigador Luís Monteiro nos anos 90 para fazer as únicas estimativas que existem para estas espécies nos Açores”.“Ao repetir a metodologia, conseguimos atualizar essa informação, para continuar a sua missão de conservar as aves marinhas”, afirmou.Os investigadores pretendem, inclusive, “obter novos dados relativos às populações de aves marinhas menos comuns” no arquipélago da Madeira.Para a partilha da informação sobre o progresso do projeto e as aves em causa a SPEA criou o grupo de facebook Aves Marinhas da Macaronésia (www.facebook.com/groups/aves.marinhas.macaronesia.spea/).