“Estamos
reconhecidos para com os nossos parceiros, a ONU e a Turquia, pelos seus
esforços para aumentar a segurança alimentar mundial”, afirmou o
vice-primeiro-ministro para a Restauração da Ucrânia, Oleksandr
Kubrakov, que acompanha esta matéria, sobre o texto essencial para o
abastecimento alimentar a países de África e da Ásia, interrompido no
ano passado pela guerra russa na Ucrânia, iniciada em fevereiro.“O
principal desafio é agora tornar o acordo eficaz, removendo os
obstáculos artificiais”, acrescentou o governante ucraniano na rede
social Twitter.A Ucrânia saudou “a posição
firme e determinada” dos seus parceiros e precisou ter exportado até
agora 30,4 milhões de toneladas de produtos agrícolas ao abrigo deste
acordo.Segundo Kiev, a Rússia começou em
abril “a limitar de forma irrazoável a aplicação” do texto, recusando-se
a registar navios ucranianos e a realizar inspeções.“Perto
de 70 navios estão atualmente à espera em águas territoriais turcas e
90% deles estão prontos para entregar os produtos dos nossos
agricultores”, sublinhou ainda Oleksandr Kubrakov.“Congratulamo-nos
com a continuação da iniciativa, mas insistimos em que ela deve
funcionar eficazmente”, acrescentou, apelando aos aliados da Ucrânia
para porem termo à “sabotagem” da Rússia.A
Rússia, outro grande exportador mundial de produtos agrícolas, critica
que o acordo não tenha em conta os seus interesses, sendo a sua produção
alvo de sanções ocidentais.Hoje, Moscovo insistiu novamente nessa questão, apelando para que se corrija a aplicação “desequilibrada” do acordo.“Os
nossos principais comentários ao acordo (…) não mudaram. Os
desequilíbrios na sua aplicação devem ser corrigidos o mais rapidamente
possível”, declarou a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros
russo, Maria Zakharova, numa altura em que Moscovo se queixa de que as
suas exportações de fertilizantes e produtos alimentares continuam a ser
travadas”.A ofensiva militar lançada a 24
de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de
mais de 14,7 milhões de pessoas – 6,5 milhões de deslocados internos e
mais de 8,2 milhões para países europeus -, de acordo com os mais
recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a
pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).Pelo menos 18 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.A
invasão russa – justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a
necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança
da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade
internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e
imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.A
ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra, que hoje
entrou no seu 448.º dia, 8.836 civis mortos e 14.985 feridos,
sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.