Kiev defende uso de armas estrangeiras de fabrico local contra a Rússia
Ucrânia
3 de ago. de 2023, 12:06
— Lusa/AO Online
O secretário
do Conselho de Segurança da Ucrânia, Oleksi Danilov, afirmou que Kiev
tem acordos com aliados sobre a não utilização das respetivas armas
contra território russo para evitar que sejam acusados de participar na
guerra.“Mas isso não afeta as armas
produzidas pelo nosso complexo militar industrial”, disse Danilov à
televisão ucraniana, citado pela agência espanhola Europa Press.Danilov
referiu que a indústria militar ucraniana alcançou várias conquistas em
termos de produção, embora tenha preferido não dar pormenores.A
declaração surge numa altura em que se especula sobre a origem dos
‘drones’ (aeronaves sem tripulação) que têm caído em território da
Federação Russa nos últimos dias, incluindo no centro da capital,
Moscovo.A Rússia anunciou que
abateu durante a noite sete ‘drones’ sobre a região de Kaluga, a cerca
de 180 quilómetros de Moscovo, segundo a agência francesa AFP.A
Rússia chegou a comparar os ataques aos do 11 de setembro de 2001 em
Nova Iorque, enquanto a Ucrânia avisou que Moscovo deve estar ciente de
que a guerra vai penetrar cada vez mais em território russo.Os
aliados ocidentais da Ucrânia, incluindo Estados Unidos, Reino Unido,
NATO e União Europeia (UE), têm fornecido armamento às forças ucranianas
para defenderem o país da invasão russa, iniciada em 24 de fevereiro de
2022.Os aliados recusaram sempre um
envolvimento direto na guerra e rejeitaram mesmo que a NATO criasse uma
zona de exclusão aérea na Ucrânia, dado o risco de um confronto direto
com a força aérea russa.Em março, o
Presidente norte-americano, Joe Biden, reafirmou que a NATO não se
envolverá num confronto direto com a Rússia na Ucrânia porque isso
significaria o início da terceira guerra mundial.A Rússia tem criticado os fornecimentos de armas à Ucrânia.O
armamento dos aliados foi decisivo para a contraofensiva lançada em
junho pelas forças ucranianas, embora com resultados modestos ao fim de
sete semanas, como tem sido reconhecido por Kiev.A
Ucrânia tem pedido mais tanques, mais sistemas de defesa aérea e caças
F-16, como reafirmou o principal conselheiro presidencial ucraniano,
Mikhail Podoliak, numa entrevista divulgada hoje pelo portal de notícias
húngaro Hgv.“Se estas entregas se
acelerarem, o curso da guerra também se acelerará”, justificou Podoliak,
criticando o ritmo lento inicial do apoio militar ocidental em 2022.Podoliak
afirmou que as operações militares da Ucrânia não são apenas “uma
contraofensiva, mas um verdadeiro ataque”, que está a ser levado a cabo
“de acordo com o calendário previamente estabelecido pelo Estado-Maior”.Num
relatório divulgado hoje, os serviços secretos do Ministério da Defesa
britânico admitiram que o aumento da vegetação e do mato pode ser uma
das causas para o lento progresso da contraofensiva.Além
da facilitar a camuflagem das posições defensivas russas, o aumento da
vegetação poderá também dificultar a desminagem dos terrenos pelas
tropas ucranianas, uma das razões referidas por Kiev para explicar a
lentidão da contraofensiva.“O crescimento
da vegetação rasteira nos campos de batalha do sul da Ucrânia é
provavelmente um fator que contribui para o progresso geralmente lento
do combate nessa área”, disse o ministério nas redes sociais.“A
terra predominantemente arável na zona de combate está em pousio há 18
meses, com o regresso das ervas daninhas e dos arbustos a acelerar sob
as condições quentes e húmidas do verão”, acrescentou.