Julgamento do processo sobre a reconstrução de casas começa em 26 de outubro
Pedrógão Grande
21 de set. de 2020, 12:15
— Lusa/AO Online
Segundo
uma nota de imprensa enviada à agência Lusa em junho, a Comarca de
Leiria tinha informado que o julgamento estava agendado para hoje, dia
21 de setembro, no auditório da Escola Superior de
Tecnologia e Gestão (ESTG) do Politécnico de Leiria.No
entanto, a data foi posteriormente alterada para o dia 26 de outubro,
mas já não se irá realizar na ESTG, uma vez que as aulas já
começaram nesta escola e o auditório deixou de estar disponível.No processo estão acusadas 28 pessoas, das quais três pediram a abertura de instrução.Em
março, a juíza de Instrução do Tribunal de Leiria deliberou levar a
julgamento o presidente da Câmara de Pedrógão Grande, Valdemar Alves,
acusado de vários crimes no processo de reconstrução das casas.Além
de Valdemar Alves, também pediram a abertura da instrução o ex-vereador
Bruno Gomes e o construtor civil João Paiva. Todos vão ser julgados em
tribunal coletivo.Valdemar Alves e Bruno
Gomes vão responder por 20 crimes de prevaricação de titular de cargo
político, 20 crimes de falsificação de documento e 20 crimes de burla
qualificada, os mesmos crimes de que estavam indiciados na acusação do
Ministério Público.Já João Paiva está acusado de um crime de burla qualificada e outro de falsificação de documentos.O
despacho admite ainda que "a qualificação jurídica atribuída pelo
Ministério Público na acusação [a Bruno Gomes] poderá ser discutível e
podem existir entendimentos divergentes"."Contudo,
considera-se que esta não é a sede própria para tomar posição sobre uma
eventual alteração da qualificação jurídica dos factos, uma vez que a
correta qualificação jurídica dos mesmos depende da produção de prova
que se venha a realizar em julgamento e na análise conjunta de toda a
prova, tanto mais que se encontram acusados 28 arguidos e apenas três
requereram a instrução", lê-se ainda na decisão.O
incêndio, que deflagrou em 17 de junho de 2017, em Escalos Fundeiros,
no concelho de Pedrógão Grande, distrito de Leiria, e que alastrou
depois a concelhos vizinhos, provocou 66 mortos e 253 feridos, sete
deles com gravidade, tendo destruído cerca de 500 casas, 261 das quais
habitações permanentes, e 50 empresas.O MP
de Coimbra deduziu acusação contra 28 arguidos no âmbito do inquérito
que investiga alegadas irregularidades no processo de reconstrução das
casas que arderam no incêndio.O processo foi para Leiria devido à "competência territorial", explicou fonte judicial à Lusa."Foi requerida a perda de vantagens provenientes dos crimes no montante global de 715.987,62 euros", refere ainda o MP.No
despacho foi ainda "determinado o arquivamento ou separação de
processos quanto aos restantes 16 arguidos", já que a PJ tinha
apresentado um procedimento para acusação de 44 arguidos.