Julgamento de Trump em processo de violação com júri anónimo

24 de mar. de 2023, 10:20 — Lusa/AO Online

Os júris anónimos são invulgares, particularmente fora de casos criminais.A Associated Press e o Daily News de Nova Iorque opuseram-se à intenção de ocultar as identidades dos jurados no julgamento por causa da alegação da colunista E. Jean Carroll, negada por Trump, de que o republicano a violou nos anos 90.O juiz Lewis A. Kaplan sublinhou estar preocupado com o facto de os jurados serem sujeitos a atenção indesejada por parte dos meios de comunicação social e "assédio ou pior" por parte de apoiantes de um presidente que violou o processo judicial, ou de pessoas descontentes com qualquer veredito que se pudesse seguir."Com base nas circunstâncias sem precedentes em que este julgamento terá lugar, incluindo a extensa publicidade prejulgamento e um risco muito forte de os jurados recearem assédio, invasões indesejadas da sua privacidade e retaliação", escreveu Kaplan, "há fortes razões para acreditar que o júri necessita da proteção".Os advogados de Carroll recusaram-se a comentar. A advogada de Trump, Alina Habba, disse que não queria que os jurados "sentissem qualquer pressão ou influência externa" no julgamento, marcado para começar no final do próximo mês."O anonimato ajudará a assegurar que a sua decisão se baseie unicamente nos factos que lhes são apresentados", argumentou Habba, insistindo que esses factos iriam " irrefutavelmente inocentar" Trump.Há um historial de tribunais federais que consideram que os nomes dos jurados são registos públicos, e o raciocínio de que tal abertura elimina potenciais suspeitas públicas sobre o processo de seleção, mas os tribunais também permitiram exceções para proteger o júri, por vezes em casos que envolvem alegações de terrorismo, crime organizado ou anterior adulteração de jurados.O caso de Carroll envolve uma alegada violação. Trump nega a agressão sexual ou mesmo conhecê-la, acrescentando repetidamente que ela "não é” o seu tipo.Os dois foram fotografados juntos com os seus então cônjuges num evento social de 1987, uma imagem que Trump justificou como um encontro momentâneo de que não se lembra e identificou erroneamente Carroll como uma das suas ex-mulheres quando lhe foi mostrada a fotografia no ano passado, enquanto era interrogado sob juramento no âmbito do processo judicial.A Associated Press geralmente não identifica as pessoas que alegam ter sido agredidas sexualmente, a menos que se apresentem publicamente, como fez Carroll.