Julgamento começa na segunda-feira, três anos após início do escândalo do furto de armas

Tancos

31 de out. de 2020, 12:44 — AO Online/ Lusa

O caso de Tancos, que teve repercussões políticas, nomeadamente com a saída de Azeredo Lopes, a seu pedido, e também no Exército, conta com 23 arguidos, uns acusados do furto das armas, em junho de 2017, e outros de terem participado na encenação que envolveu a recuperação das mesmas na Chamusca, quatro meses depois.Entre os 23 arguidos está também o diretor nacional da Polícia Judiciária Militar (PJM) à data dos factos, Luís Vieira, o ex-porta-voz da PJM Vasco Brazão e o ex-fuzileiro João Paulino, que na fase de instrução assumiu ter participado no furto e que recentemente entregou à PJ as granadas que faltava recuperar, podendo a sua pena ser reduzida em caso de condenação.Os crimes em julgamento vão desde terrorismo, associação criminosa, denegação de justiça e prevaricação, falsificação de documentos, a tráfico de influência, abuso de poder, recetação e detenção de arma proibida.O processo passou pelo crivo do juiz de instrução Carlos Alexandre, que decidiu mandar para julgamento os 23 arguidos nos exatos termos da acusação.O juiz confirmou a acusação que pende sobre Azeredo Lopes de denegação de justiça e prevaricação, favorecimento pessoal praticado por funcionário, abuso de poder e denegação de justiça, tendo o ex-ministro considerado que a imputação é “eminentemente política” e que não há provas contra ele.O ex-diretor da PJM, que foi muito crítico em relação à atuação da ex-procuradora geral da República Joana Marques Vidal por esta ter afastado a PJ militar da investigação do furto, está pronunciado por associação criminosa, tráfico e mediação de armas, falsificação ou contrafação de documentos, denegação de justiça e prevaricação e de favorecimento pessoal praticado por funcionário.O ex-porta-voz da PJM Vasco Brazão vai responder por associação criminosa, tráfico e mediação de armas, falsificação ou contrafação de documentos, denegação de justiça e prevaricação e favorecimento pessoal praticado por funcionário.Contudo, na instrução, Vasco Brazão admitiu que devia ser julgado por denegação de justiça, imputando as outras responsabilidades no caso ao ex-ministro da Defesa e a Luís Vieira.O furto do armamento, as detenções, as suspeitas de encenação e as implicações de Azeredo Lopes e de vários militares do exército e da GNR provocaram várias reações, tendo o Presidente da República pedido o “apuramento de tudo, de alto a baixo, até ao fim, doa a quem doer" e o “esclarecimento cabal” sobre o que aconteceu em Tancos.No processo, nove arguidos são acusados de planear e executar o furto do material militar dos paióis nacionais e os restantes 14, entre os quais Azeredo Lopes, de encenação na operação de recuperação do equipamento.O caso do furto das armas foi divulgado pelo Exército em 29 de junho de 2017, com a indicação de que ocorrera no dia anterior, tendo a alegada recuperação do material de guerra furtado ocorrido na região da Chamusca, Santarém, em outubro de 2017, numa operação que envolveu a PJM, em colaboração com elementos da GNR de Loulé.O julgamento inicia-se na manhã de segunda-feira no Tribunal Judicial de Santarém.