Juízes Rui Rangel, Fátima Galante e Vaz das Neves acusados
Operação Lex
18 de set. de 2020, 11:37
— Lusa/AO Online
Uma nota
da Procuradoria Geral da República (PGR) indica que três dos 17
arguidos eram magistrados judiciais no Tribunal da Relação de Lisboa,
“sendo que um mantém a qualidade de juiz desembargador, ainda que
jubilado”, aludindo ao antigo presidente daquele tribunal, Luis Vaz das
Neves. Em causa neste processo estão
crimes de corrupção passiva e ativa para ato ilícito, recebimento
indevido de vantagem, abuso de poder, usurpação de funções, falsificação
de documento, fraude fiscal e branqueamento. Segundo
a nota da PGR, para que seja garantido o pagamento das vantagens
obtidas pelos acusados, num montante superior a 1,5 milhões de euros,
foi requerido o arresto do seu património. O
Ministério Público formulou ainda um pedido indemnização civil a favor
do Estado, para a condenação solidária de três dos arguidos, de 393.466
euros e de outros dois arguidos no pagamento do valor de mais de 81.089
euros. Tais montantes, acrescenta a nota,
correspondem ao prejuízo causado ao erário público pela falta da
declaração de IRS de rendimentos auferidos entre 2012 a 2017. O
MP decidiu também extrair várias certidões “para abertura de inquéritos
e investigação de factos conexos com os indiciados no processo ou de
factos autónomos” e determinou o arquivamento por insuficiência de
indícios probatórios relativamente a um dos arguidos. O
inquérito teve início no Supremo Tribunal de Justiça em setembro de
2016 e a investigação centrou-se na atividade desenvolvida por três
juízes desembargadores do TRL, incluindo Rui Rangel, Fátima Galante, que
utilizaram tais funções para a obtenção de vantagens indevidas, para si
ou para terceiros, que os respetivos beneficiários dissimularam. Durante
a investigação foram cumpridos cinco mandados de busca em empresas, 26
mandados de busca em veículos, 18 buscas domiciliárias, três buscas em
escritórios de advogados e uma busca no TRL e posteriormente houve mais
quatro buscas. Indica a nota que foram
inquiridas 89 testemunhas, realizadas perícias informáticas,
contabilísticas, financeiras e patrimoniais a um universo alargado de
indivíduos e de empresas também por um extenso período temporal. Rui Rangel foi, entretanto, demitido da magistratura e Fátima Galante foi penalizada com aposentação compulsiva.