Autor: Lusa/AO Online
O advogado do
ex-primeiro-ministro, Pedro Delille, que está acusado de 22 crimes,
considerou que o julgamento deveria ser suspenso até existir uma decisão
relativa aos dois requerimentos apresentados na quarta-feira, sobre a
recusa da juíza que preside ao coletivo e ao procurador-geral da
República, Amadeu Guerra.
“Entende o
tribunal que a apresentação do pedido de recusa não impede o
julgamento”, disse a juíza Susana Seca, que advertiu ainda o advogado de
José Sócrates para não confundir fundamentação de requerimentos com
exposições introdutórias. “Não pode [o tribunal] compactuar com
estratégias processuais para entorpecer o andamento do julgamento”,
acrescentou.
Perante a recusa da juíza, o
advogado Pedro Delille repetiu várias vezes que “a audiência ainda não
começou”, tendo, no entanto, o Ministério Público, pela palavra do
procurador Rui Real, adiantado que o coletivo deve avançar com a sessão
de julgamento.
"Relativamente à questão
relacionada com o facto de estarmos em audiência, não só o tribunal a
declarou aberta, como decorre da sistematização do Código de Processo
Penal que o julgamento se inicia com os atos preliminares", acrescentou a
juíza Susana Seca.
Onze anos após a
detenção de José Sócrates no aeroporto de Lisboa, o
julgamento da Operação Marquês teve início esta quinta-feira, leva a tribunal o
ex-primeiro-ministro e mais 20 arguidos e conta com mais de 650
testemunhas.
Estão em causa 117 crimes,
incluindo corrupção, branqueamento de capitais e fraude fiscal, pelos
quais serão julgados os 21 arguidos neste processo. Para já, estão
marcadas 53 sessões que se estendem até ao final deste ano, devendo no
futuro ser feita a marcação das seguintes e, durante este julgamento
serão ouvidas 225 testemunhas chamadas pelo Ministério Público e cerca
de 20 chamadas pela defesa de cada um dos 21 arguidos.