Juíza incentiva portugueses a adquirirem cidadania canadiana
19 de mar. de 2018, 10:21
— Lusa/AO online
"Não
é difícil mas é preciso fazer um pouco de esforço. É possível. Estou
disponível para falar a grupos de pessoas interessadas. Faz parte do meu
trabalho como juíza, ser 'embaixadora' da cidadania", começou por
afirmar Renata Brum. Em
2016 adquiriram a cidadania canadiana 450 residentes permanentes de
Portugal continental, 123 dos Açores e dois da Madeira, número inferior
ao verificado com cidadãos oriundos das Filipinas (23.890), da China
(10.797) e da Índia (16.615), dados do ministério da Cidadania e da
Imigração do Canadá."Não
tenho a certeza onde está o problema. Os cidadãos portugueses
aproveitam da melhor forma o seu estatuto. Como o passaporte português é
forte, não têm limitações como sucede com outras etnias, não sentem
tanto essa necessidade. No entanto há outros casos de pessoas de países
em posição semelhante, que optam por adquirir a cidadania canadiana",
sublinhou a juíza. Renata
Brum considerou ainda "anedótico" que a baixa taxa de portugueses a
adquirirem a cidadania canadiana se deva às "exigências do processo"."Às
vezes cidadãos portugueses que se tornam canadianos dizem-me que
esperaram até aos 55 anos, para não efetuarem o exame de cidadania",
acrescentou. Os
números de portugueses que adquiram a cidadania nos últimos anos tem
diminuído (1.108 em 2014, 637 em 2016 e 450 em 2016), depois de o
governo de então ter alterado a lei da cidadania, facilitando o acesso."A
cidadania está no cerne do que significa ter participação numa
comunidade política. No contexto canadiano, a cidadania oferece direitos
substanciais e privilégios relacionados à mobilidade, votação, execução
de um cargo público, e assistência consular ao viajar para o exterior.
Ser cidadão significa participar duma maneira completa na vida do nosso
país. A cidadania é um símbolo de compromisso integral", realçou a
juíza. Um
residente permanente tem "todos os direitos e liberdades garantidos na
Carta dos Direitos e Liberdades", mas um cidadão canadiano tem outras
vantagens. Renata Brum destaca o direito ao voto "vantagem que permite ao cidadão contribuir para a alteração de um governo". A juíza alertou ainda que os direitos de cidadania são acompanhados por diversas responsabilidades. "Obedecer
à lei, assumir a responsabilidade por si próprio e pela família, obter
um emprego, cuidar da família e trabalhar de acordo com as habilidades
individuais, integrar um júri, votar nas eleições, ajudar os outros na
comunidade, proteger e aproveitar o património e meio ambiente",
destacou. São
vários os critérios para a aquisição da cidadania canadiana, além da
residência permanente, os candidatos devem residir no Canadá há três ou
cinco anos (os cinco anos contam antes do início de ter iniciado o
processo para a residência permanente), e provar competências numa das
línguas oficiais do Canadá (inglês ou francês) no nível IV. O
processo para adultos tem uma taxa no valor de 630 dólares canadianos
enquanto que para os menores a taxa é menor (100 dólares). Em 2016 foram naturalizados 147.791 canadianos, um número superior ao verificado em 2015 (262.187) e em 2014 (262.643). Renata
Brum veio para o Canadá aos quatro anos, é filha de emigrantes de Rabo
de Peixe (Açores). É formada pela Universidade de Toronto em Artes e
Teologia (Mestrado), e em Criminologia, Cristianismo, Cultura e Francês
(Bacharelato). Em outubro de 2013 foi nomeada juíza sénior da cidadania,
cargo que vai desempenhar pelo menos até outubro de 2018.