Jovens portugueses dos mais interessados em saúde pública e pandemias
OCDE
23 de out. de 2020, 18:00
— Lusa/AO Online
Esta
é uma das conclusões do VI relatório do Programa Internacional de
Avaliação dos Alunos (PISA), que se focou em perceber se
os jovens têm as competências necessárias para viver num mundo
interconectado, através de respostas de milhares de alunos de 15 anos de
63 países.No relatório "Estarão os jovens
preparados para prosperar num mundo interligado?" são analisados vários
itens, entre os quais perceber o interesse dos alunos em assuntos
globais mas também interculturais e locais.Através
das respostas dos alunos dadas durante a realização das provas do PISA
2018, foi possível desenhar um índice de consciência das questões
globais.Em causa estavam sete questões:
mudanças climáticas e alerta global, saúde global, migração, conflitos
internacionais, fome ou desnutrição, causas da pobreza e igualdade entre
homens e mulheres.Os estudantes
portugueses surgem em quinto lugar na preocupação com assuntos globais,
só ultrapassados pelos alunos da Albânia, Grécia, Lituânia e Malta.Os
assuntos que menos atraíam os jovens em 2018 eram precisamente os temas
de saúde, tais como as pandemias, e os conflitos internacionais. Apenas
cerca de 65% disse estar familiarizado com estes dois temas.No entanto, os portugueses voltaram a destacar-se no que toca à conscientização sobre questões de saúde pública, como pandemias.Em
primeiro lugar surgiram os alunos da Albânia, seguindo-se a França,
Grécia, Hong Kong (China), Lituânia e, finalmente, Portugal (mais de
70%).Já os estudantes da Argentina,
Áustria, Brunei Darussalam, Indonésia, Coreia, Líbano, Arábia Saudita e
República Eslovaca eram os menos cientes desta problemática.Tendo
em conta as respostas de todos os alunos, o estudo mostrou que as
raparigas se preocupavam mais com estas questões, assim como foi entre
os alunos de estatuto socioeconómico mais elevado que se notou mais esta
atenção.A igualdade de género foi o tema
que reuniu mais jovens: 83% dos alunos da OCDE disse conhecer bem ou
estar familiarizado com o tema.A migração,
as alterações climáticas, as causas da pobreza e fome, assim como a
subnutrição em algumas regiões do mundo, foram outros dos temas que 78%
dos jovens afirmaram estar familiarizados.O
mesmo questionário foi feito aos pais, que revelaram mais preocupação
do que os filhos com os problemas globais. Curiosamente, no cruzamento
de dados, notou-se a influência parental nas atitudes dos jovens.O relatório revelou que a transmissão transgeracional de atitudes tem mais força que o estatuto socioeconómico. Os
pais que se interessam em aprender sobre outras culturas, por exemplo,
tendem em transmitir esse interesse aos filhos. Os casos mais visíveis
desta transmissão transgeracional foram observados no Brasil, Chile,
República Dominicana, Coreia, México e Portugal.O
relatório do PISA focou-se nas atitudes e valores dos jovens para
perceber se estão bem preparados para viver num mundo onde comunidades
culturalmente diversas estão digitalmente ligadas.O
PISA é o maior inquérito sobre educação a nível mundial, no qual
participaram em 2018 cerca de 600 mil alunos de 15 anos de 79 países ou
economias.O objetivo do VI volume do PISA
era perceber se os jovens têm capacidade para perceber temas
interculturais, globais e locais, mas também se percebem e apreciam
diferentes perspetivas do mundo, se interagem de forma respeitosa com
outras pessoas, e se agem no sentido de melhorar o bem-estar coletivo.