Jovens em Nova Iorque falam de uma sensação surreal mas sem medo
11 de Setembro
10 de set. de 2021, 08:00
— Elena Lentza, da agência Lusa
“No
edifício da minha escola, todos os alunos estavam num patamar subido.
Havia uma janela enorme, lembro-me de olhar e ver, de onde eu estava, em
Queens, o fumo das Torres Gémeas”, recordou Samantha, em declarações à
agência Lusa, em Nova Iorque.Agora
com 25 anos, Samantha não se lembra das Torres Gémeas, dois edifícios
no World Trade Center (WTC) com 415 metros de altura e 110 andares,
destruídos no atentado terrorista de 11 de Setembro.Ao
lado do centro financeiro WTC, onde sobressaem as cores e pinturas, os
comércios, as lojas e os arranha-céus, o Memorial e o Museu dedicados ao
11 de Setembro com o lema “Never Forget” (Nunca Esquecer), forma-se um
ambiente “muito solene” e “surreal” para Samantha.Inaugurado
10 anos depois dos ataques de 2001, o memorial tomou o lugar das
antigas Torres Gémeas, com duas cascatas artificiais de nove metros de
profundidade e 2.977 nomes das vítimas mortais inscritos em painéis
laterais.Vinte
anos depois, mesmo sem que os professores tenham explicado muito sobre o
ataque terrorista, para Samantha trata-se de uma “lição aprendida”, que
prefere interpretar como esperança para o futuro.“Como
nova-iorquina, saber que isto aconteceu a meras milhas da casa onde
cresci, parece mesmo surreal. Estar aqui e saber quantas vidas se
perderam no chão que pisamos”, comentou.“Não
me lembro de falar muito sobre o 11 de Setembro; havia conversas sobre a
guerra no Iraque, mas muito disso era demasiado para o meu pequeno
cérebro”, tentou recordar.“Só
posso esperar que os mais novos, nascidos depois do 11 de Setembro,
possam vir cá, perceber o que aconteceu, crescer com isso e tomar
melhores ações”, sublinhou Samantha Lee, rejeitando qualquer medo.Naomi
Ibrahim nasceu quatro anos depois do atentado, mas tem na consciência
que foi uma das maiores tragédias nos Estados Unidos, porque a família
fala todos os anos sobre os acontecimentos de 11 de setembro de 2001.“Sentamo-nos
e temos uma conversa sobre onde é que eles [os membros da família]
estavam quando isso aconteceu, como se sentiram na altura e como ficou
Nova Iorque depois”, referiu Naomi, de 16 anos.“Aprendi
que, no meio da emergência, toda a gente se juntou, como
nova-iorquinos”, acrescentou a jovem, e que muitos se voluntariaram para
ajudar pessoas em necessidade ou para ajudar as autoridades nos
trabalhos.“A
minha mãe, por exemplo, disse-me que viu muitos colegas de trabalho,
mesmo os que não gostavam uns dos outros, a falarem e a
reconciliarem-se. Todos vieram para ajudar. O avô de um amigo meu, que
penso que era um polícia reformado, também veio cá abaixo para ajudar na
recuperação de corpos ou de pessoas que estavam vivas”, exemplificou.Naomi
Ibrahim revelou à agência Lusa que se sente segura. Declarou não ter
medo, mas também não ter confiança total no que o futuro reserva, por
isso, reticente, sublinhou que é preciso estar alerta.Ariel Mel, de seis anos, não sente uma pressão especial por estar no Memorial do 11 de Setembro, ao contrário da mãe, Anna Mel.Questionado
pela Lusa sobre se sabe qual é o motivo por que a mãe o trouxe, a ele e
a outras três outras crianças ao Memorial do 11 de Setembro, Ariel
disse achar que é um local para um bom passeio e para se divertir.Sobre os ataques de 2001, reconheceu que ainda não sabe bem o que aconteceu.Muito
preocupado com o futuro devido à pandemia de covid-19, por ver muita
gente doente, Ariel deixou bem claro que “a América é um grande país”.Quatro
aviões comerciais, com centenas de passageiros a bordo, foram
sequestrados por um grupo de 19 terroristas no dia 11 de setembro de
2001 e foram direcionados para Nova Iorque e Washington.Dois
aviões, separados por 18 minutos, colidiram com as duas Torres Gémeas
em Nova Iorque, provocando uma explosão de grandes dimensões e matando
2.753 pessoas.A
sede do Departamento de Defesa dos EUA, conhecida como Pentágono, em
Washington também foi alvo de ataque de um avião, num acidente em que
morreram, segundo o Museu 9/11, 184 pessoas.Outras 40 pessoas morreram no acidente do quarto avião, que caiu em Shanksville, no Estado da Pensilvânia.Em conjunto com os 19 terroristas responsáveis pelo atentado, o total de pessoas vitimadas naquele dia foi de 2.996.