Jovens açorianos escrevem carta ao Papa a pedir novo bispo

12 de abr. de 2022, 10:08 — Carolina Moreira

Jovens açorianos escreveram este fim de semana uma carta ao Papa Francisco a apelar à nomeação de um novo bispo para a Diocese de Angra, posição que se encontra sem liderança desde o passado mês de setembro.“A nossa Diocese está sem bispo há já alguns meses! Apesar de não sermos ‘ovelhas sem pastor’, logo que seja possível, envie-nos um Bispo que seja pastor, próximo, que nos escute e nos compreenda, que seja um de nós e um por nós!”, cita o sítio da Igreja Açores.A carta foi entregue este domingo ao Núncio Apostólico, D. Ivo Scapolo, num encontro promovido pela pastoral juvenil na Igreja de São José, em Ponta Delgada, para assinalar o Domingo de Ramos.No documento, os jovens açorianos pedem também ao Papa Francisco que seja “o defensor de um mundo, de uma igreja e de uma sociedade sem medos nem fingimentos”, onde os jovens sejam os protagonistas.“Sonhamos com um mundo, uma Igreja e uma sociedade em que valha a pena sermos jovens sem medos ou fingimentos, onde nada nem ninguém nos roube a alegria de sonhar e viver, onde possamos ser quem somos, dando o nosso melhor e, mesmo quando erramos, quando falhamos, saber que estamos a caminho e a crescer, dando o nosso melhor e, sobretudo, que nunca deixamos de ser queridos e amados pelo nosso Jesus”, pode ler-se na carta citada pela Igreja Açores.Um dos apelos da juventude açoriana ao Papa é para que “sonhe com eles e juntos sonhemos os sonhos de Deus”.“Consigo, Papa Francisco, Jesus fica-nos mais perto e acessível! Obrigado! Obrigado pelo seu ‘Sim’ e pelo que é! Agora dizemos-lhe como já nos disse: ‘não deixe que lhe roubem a esperança, a ousadia e a alegria’”, refere a carta que fala sobre a importância dos jovens serem os protagonistas “do hoje” da Igreja e do “mundo”.Segundo o sítio da Igreja Açores, “coragem”, “ousadia”, “fidelidade”, “testemunho”, “simplicidade” e “humildade” foram as atitudes mais sublinhadas na missiva que os jovens enviam para o Vaticano, assumindo o compromisso de não desistir da defesa dos valores cristãos.“Não queremos deixar que nos roubem a esperança e a alegria! Mas, Santo Padre, há momentos em que é difícil que isso não aconteça! Há momentos em que parece que nada faz sentido, onde faltam-nos razões para continuarmos a acreditar!”, salientam, denunciando  os “ventos contrários” e o “mar revolto” que tornam “difícil reconhecer e sentir que Jesus está na barca connosco e, mesmo dormindo, não nos deixa morrer!”.Os jovens dão como exemplos a “guerra em vez do diálogo”; a “morte de crianças inocentes”; as “famílias desfeitas”; a “fome e a injustiça”, frisando que “é-nos difícil, como jovens, aceitar que na nossa Igreja ainda exista tanta hipocrisia e tanta falta de verdade, onde, por vezes custa-nos reconhecer Jesus na vida e na ação de tantos que se dizem cristãos!”, dizem ainda alertando para a primazia do “ritualismo” em detrimento do verdadeiro cristianismo.Na ocasião, o Núncio Apostólico, D. Ivo Scapolo, recebeu a carta e pediu aos jovens, que preenchiam a Igreja de São José em Ponta Delgada, que “não se acomodem, que se levantem e que sejam protagonistas”.Os jovens participaram no domingo à tarde numa via-sacra que inicialmente estava prevista para o Campo de São Francisco, em Ponta Delgada,  mas que devido ao mau tempo acabou por ser realizada no interior da Igreja.A iniciativa, que mobilizou também a catequese da ilha de São Miguel, particularmente os jovens do 7º ao 10 º ano, assentou em passagens bíblicas “mas procurou enquadrá-las no momento atual do mundo, com meditações, numa linguagem simples e direta, com muitas referências concretas à realidade quotidiana”.Segundo a Igreja Açores, a via-sacra, orientada pelo responsáveis da pastoral juvenil, desafiou os presentes “a partir, subindo a via-dolorosa do ‘Jesus’ do nosso tempo, subindo ao Calvário das dores, angústias e esperanças de todos e de cada um, deste mundo e da nossa Igreja”.Esta manifestação da juventude açoriana, dois anos depois do inicio da pandemia, serviu também para simbolizar a memória do Dia Mundial da Juventude que, desde o ano passado, passou a ser celebrado no domingo do Cristo Rei, depois de ter sido celebrado durante décadas no Domingo de Ramos.