Autor: Rui Jorge Cabral
O piloto do Pico Rallye Team, José Paula, vai disputar em 2020 todas as provas do Campeonato dos Açores de Ralis (CAR), com a exceção do Azores Rallye, devido aos custos elevados de participar na prova rainha do automobilismo açoriano e que integra o Campeonato Europeu de Ralis.
O
carro será o Peugeot 208 T16 que José Paula adquiriu em 2018 ao piloto
italiano Giacomo Costenaro. Este carro já correu no Azores Rallye com
este piloto italiano e é um antigo carro da equipa oficial, que foi
pilotado pelo irlandês Craig Breen, atualmente piloto do WRC.
Em
declarações ao Açoriano Oriental, José Paula admite que parte com
expectativas ‘medianas’ para este regresso ao CAR, na primeira vez que
irá disputar o regional com uma viatura R5.
E as razões para estas
expectativas são “a minha pouca experiência com um carro desta
categoria, face aos pilotos dos outros R5, que já têm maior experiência e
rodagem”. Por isso, afirma, o objetivo para 2020 é “rodar e reaprender a
ser competitivo num carro de corridas, regressando a um campeonato que
eu já tinha intenção de fazer há algum tempo”.
No próximo fim de
semana, José Paula irá ter já uma primeira impressão do que será a sua
época de 2020 ao disputar o Rali do Pico, a última prova do regional
açoriano. Mas apesar de correr em casa, José Paula já não disputa este
rali desde 2016 e admite que será muito difícil acompanhar os outros R5
ou mesmo até pilotos “com carros inferiores, mas que têm já um profundo
conhecimento das máquinas”.
José Paula tem 52 anos e é gestor de
profissão. Natural de Espinho, no norte de Portugal, há 20 anos escolheu
a ilha do Pico para viver, considerando que “já tenho quase tanto de
açoriano, como de continental”.
José Paula começou a ver ralis ainda
criança e recorda os tempos em que ia para o troço da Freita ou para
Fafe ver passar os grandes nomes da era dourada dos ralis com os famosos
carros de Grupo B. “Sempre que o Rallye de Portugal passava à porta de
casa, eu dava lá um saltinho e esta paixão pelos ralis tem-me
acompanhado ao longo dos anos”, recorda. Em jovem, José Paula
experimentou também as pistas, num kartódromo perto de casa. Contudo,
foi já nos Açores, quando começou a ter possibilidades financeiras para
correr, que se iniciou nos ralis em 2006.
Considera-se, por isso, um
piloto ‘privado’ tomado pelo ‘bichinho’ dos ralis, porque “o esforço
para participar nos ralis é considerável”, afirma José Paula. Com o Pico
Rallye Team, o objetivo de José Paula é o de “promover a minha ilha,
porque gosto imenso do Pico e identifico-me muito com esta ilha e com
as suas pessoas”. Uma mensagem que tem passado também no continente,
“onde fomos sempre muito bem recebidos”, refere o piloto.
José Paula
começou nos VSH, com um Peugeot 205 GTi e com um Volkswagen Golf G60,
mas foi quando adquiriu um Mitsubishi Lancer EVO IX, carro com que
correu durante sete anos, que José Paula deu um salto na sua carreira.
Venceu
provas no Troféu de Ralis do Canal, que conquistou em 2016 e brilhou
nalgumas provas do Campeonato dos Açores de Ralis, conseguindo mesmo um
segundo lugar à geral no Rali Ilha Lilás, também em 2016, sendo esta a
sua melhor classificação numa prova de nível regional.
“Nas organizações, penso que os Açores estão ao nível do continente”
Depois
de um ano sem competir, em 2017 e de uma primeira experiência no Rallye
Casinos do Algarve de 2018, José Paula optou este ano por não fazer
provas nos Açores, disputando quatro provas nos campeonatos regionais de
ralis no continente, uma no Centro e três no Norte.
José Paula
disputou os Ralis de Ourém, Montelongo, Viana do Castelo e Famalicão,
com o melhor resultado à geral a ser o terceiro lugar obtido no Rali de
Montelongo.
Estabelecendo uma comparação entre os campeonatos
regionais dos Açores e do continente, José Paula afirma que “nas
organizações, penso que os Açores estão ao nível do continente”. Mas
quanto ao nível de participação de pilotos e da própria competitividade
das provas, “não colocando negatividade no que vou dizer, acho que no
continente as provas são bastante mais competitivas, o que é natural,
porque há mais carros do mesmo nível a andar muito depressa e mais
gente”.
Nas provas açorianas, José Paula admite que “não há tanta
competitividade pela disputa de um lugar”, recordando que encontrou no
continente ralis regionais com listas de inscritos “acima dos 70
participantes”, um número que não é possível reunir nos Açores.