José Luís Carneiro anuncia que é candidato a secretário-geral do PS
Governo/demissão
10 de nov. de 2023, 07:09
— Lusa/AO Online
Uma hora
antes, em declarações aos jornalistas, a dirigente socialista Ana
Catarina Mendes, atual ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares,
tinha afirmado estar fora da corrida à sucessão de António Costa na
liderança do PS, cargo em relação ao qual se candidatará o atual
deputado e antigo líder da JS Pedro Nuno Santos.Na
quinta-feira, em declarações à agência Lusa, o dirigente socialista e
atual ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, afirmou que
ainda não tinha tomado qualquer decisão sobre uma sua eventual
candidatura à liderança do PS, adiantando que estava a receber apoios de
militantes e cidadãos independentes.José
Luís Carneiro observou então que estava em curso “um diálogo
interinstitucional” que devia ser respeitado, porque visa salvaguardar o
interesse nacional”.“A estabilidade do
país, perante um quadro internacional extraordinariamente exigente, deve
ser a prioridade de todos”, sustentou.“Com
tranquilidade e ao nível dos seus órgãos, [o PS] tomará
democraticamente as suas decisões. Após essas decisões dos órgãos
próprios, avaliarei e decidirei. Decidirei com base na minha consciência
e no interesse do meu país”, acrescentou.Na
terça-feira, António Costa anunciou a sua demissão das funções de
primeiro-ministro e adiantou que não vai recandidatar-se a estas funções
em eleições legislativas antecipadas.Na
quarta-feira, o ex-dirigente socialista Francisco Assis, após “um almoço
de amigos” com o ex-ministro Pedro Nuno Santos – apontado como provável
candidato à sucessão de António Costa na liderança dos socialistas, em
declarações à agência Lusa, defendeu que os mais altos responsáveis do
PS devem entender-se em torno de uma nova liderança “agregadora”, de
unidade e “sem medo” de enfrentar eleições legislativas antecipadas.“Nas
presentes circunstâncias políticas pede-se aos mais altos responsáveis
do PS que tudo façam para que haja um entendimento em torno de uma
candidatura à liderança do partido. O PS não deve ter medo de enfrentar
eleições antecipadas e deve unir-se em torno de uma nova liderança
agregadora e combativa”, sustentou Francisco Assis, também conotado com a
chamada ala moderada desta força política.Em
conferência de imprensa, horas depois da demissão de António Costa, o
presidente do PS, Carlos César, afirmou que os socialistas estão
preparados para qualquer cenário: Eleições ou mudança de liderança do
Governo”.Questionado se o PS vai antecipar
o seu Congresso Nacional, que está marcado para os dias 15, 16 e 17 de
março, o antigo presidente do Governo Regional dos Açores e líder
parlamentar socialista disse que se recusa para já “a fazer
considerações” sobre esse ponto.“Não
conhecemos qual a decisão do senhor Presidente da República. Em função
da sua decisão, o PS ajustará, se for o caso, os procedimentos internos
necessários para responder à situação que entretanto for criada”,
justificou.Na terça-feira foram realizadas
buscas em vários gabinetes do Governo, incluindo na residência oficial
de São Bento, em Lisboa, visando o chefe de gabinete do
primeiro-ministro, Vítor Escária, noticiadas de manhã pelo jornal
público.A Procuradoria-Geral da República
(PGR) anunciou, quatro horas mais tarde, através de comunicado, que
estão em causa investigações sobre projetos de lítio e de hidrogénio e
que o primeiro-ministro é alvo de inquérito autónomo no Supremo Tribunal
de Justiça.O Presidente da República
recebeu o primeiro-ministro logo de manhã, a pedido deste, no Palácio de
Belém, e uma segunda vez já depois de ser conhecido o comunicado da
PGR, tendo recebido pelo meio, a procuradora-geral da República, Lucília
Gago.António Costa apresentou a demissão
de primeiro-ministro, declarando-se de "cabeça erguida" e "consciência
tranquila", mas defendendo que "a dignidade das funções de
primeiro-ministro não é compatível com qualquer suspeição sobre a sua
integridade, a sua boa conduta e, menos ainda, com a suspeita da prática
de qualquer ato criminal".O Presidente da
República aceitou o pedido de demissão e convocou os partidos com
assento parlamentar e o Conselho de Estado, para uma eventual dissolução
do parlamento.