José Luís Carneiro afirma que ainda não decidiu sobre candidatura a líder do PS
9 de nov. de 2023, 19:28
— Lusa
Esta
posição foi transmitida por José Luís Carneiro, atual ministro da
Administração Interna e ex-secretário-geral adjunto dos socialistas,
horas antes da reunião da Comissão Política Nacional do PS, marcada para
as 21:00, e que vai começar a definir os caminhos deste partido após a
saída de António Costa das funções de primeiro-ministro e de
secretário-geral do PS.“Tenho ponderado,
mas ainda não tomei qualquer decisão. Tenho recebido manifestações de
apoio de militantes, simpatizantes e de muitos cidadãos independentes.
Apenas tenho mantido uma avaliação serena”, declarou José Luís Carneiro,
um dos principais membros da chamada ala moderada do PS.José
Luís Carneiro observou que está em curso “um diálogo interinstitucional
que deve ser respeitado, porque visa salvaguardar o interesse
nacional”.“A estabilidade do país, perante
um quadro internacional extraordinariamente exigente, deve ser a
prioridade de todos”, advertiu.Referiu, ainda, que, “depois, haverá a reunião e decisão dos órgãos do partido”.“Com
tranquilidade e ao nível dos seus órgãos, [o PS] tomará
democraticamente as suas decisões. Após essas decisões dos órgãos
próprios, avaliarei e decidirei. Decidirei com base na minha consciência
e no interesse do meu país”, acrescentou.Na
terça-feira, António Costa anunciou a sua demissão do cargo de
primeiro-ministro e adiantou que não vai recandidatar-se a estas funções
em eventuais eleições legislativas antecipadas.Na
quarta-feira, o ex-dirigente socialista Francisco Assis, após “um
almoço de amigos” com o ex-ministro Pedro Nuno Santos – apontado como
provável candidato à sucessão de António Costa na liderança dos
socialistas -, em declarações à agência Lusa, defendeu que os mais altos
responsáveis do PS devem entender-se em torno de uma nova liderança
“agregadora”, de unidade e “sem medo” de enfrentar eleições legislativas
antecipadas.“Nas presentes circunstâncias
políticas pede-se aos mais altos responsáveis do PS que tudo façam para
que haja um entendimento em torno de uma candidatura à liderança do
partido. O PS não deve ter medo de enfrentar eleições antecipadas e deve
unir-se em torno de uma nova liderança agregadora e combativa”,
sustentou Francisco Assis, também conotado com a chamada ala moderada
desta força política.Em conferência de
imprensa, horas depois da demissão de António Costa, o presidente do PS,
Carlos César, afirmou que os socialistas estão preparados para qualquer
cenário: Eleições antecipadas ou mudança de liderança do Governo.Questionado
se o PS vai antecipar o seu Congresso Nacional, que está marcado para
os dias 15, 16 e 17 de março, o antigo presidente do Governo Regional
dos Açores e líder parlamentar socialista disse que se recusa para já “a
fazer considerações” sobre esse ponto.“Não
conhecemos qual a decisão do senhor Presidente da República. Em função
da sua decisão, o PS ajustará, se for o caso, os procedimentos internos
necessários para responder à situação que entretanto for criada”,
justificou.Na terça-feira foram realizadas
buscas em vários gabinetes do Governo, incluindo na residência oficial
de São Bento, em Lisboa, visando o chefe de gabinete do
primeiro-ministro, Vítor Escária.A
Procuradoria-Geral da República (PGR) anunciou, quatro horas mais tarde,
através de comunicado, que estão em causa investigações sobre projetos
de lítio e de hidrogénio e que o primeiro-ministro é alvo de inquérito
autónomo no Supremo Tribunal de Justiça.O
Presidente da República recebeu o primeiro-ministro logo de manhã, a
pedido deste, no Palácio de Belém, e uma segunda vez já depois de ser
conhecido o comunicado da PGR, tendo recebido pelo meio, a
procuradora-geral da República, Lucília Gago.António
Costa apresentou a demissão de primeiro-ministro, declarando-se de
"cabeça erguida" e "consciência tranquila", mas defendendo que "a
dignidade das funções de primeiro-ministro não é compatível com qualquer
suspeição sobre a sua integridade, a sua boa conduta e, menos ainda,
com a suspeita da prática de qualquer ato criminal".O
Presidente da República, que fala hoje ao país, aceitou o pedido de
demissão e convocou os partidos com assento parlamentar e o Conselho de
Estado, para uma eventual dissolução do parlamento.