José Cardoso quer “partido de Governo” com “presidente a tempo inteiro”
IL
7 de jan. de 2023, 22:38
— Lusa /AO Online
Na apresentação da sua moção estratégica, que decorreu hoje em Lisboa, José Cardoso defendeu que “aquilo que falhou nos últimos anos é que é impossível fazer um bom trabalho na Assembleia da República e um bom trabalho no partido”, aludindo ao facto de o atual presidente, João Cotrim Figueiredo, ser deputado, assim como os seus dois adversários na disputa pela liderança, Carla Castro e Rui Rocha.“O que é preciso mesmo é um presidente a tempo inteiro no partido, porque há um projeto político para construir, porque a IL ainda é - nós todos sabemos - um projeto novo. Falta alguém que faça esse caminho e eventualmente até é bom que tenha algum distanciamento da Assembleia da República”, defendeu.Neste discurso, José Cardoso, que é conselheiro nacional da IL, apresentou-se como o líder da “única onda de reflexão sobre princípios e práticas liberais” no partido."A única pessoa, nos últimos três anos, que tentou puxar um caminho, certo ou errado, diferente daquele que temos trilhado, tenho sido eu", referiu.O candidato salientou que, nos últimos três anos, levantou temas “como a descentralização dentro do partido”, “transparência salarial e de donativos da IL” ou “liberalismo de proximidade”, acusando os seus adversários de, durante esse período, terem votado “contra todas" estas propostas e agora apresentarem medidas idênticas.“Como é que era possível chegarmos a um momento eleitoral destes e não haver alguém que viesse defender estas ideias que nós temos refletido? Vejo também que algumas dessas ideias aparecem agora noutras candidaturas… Bom, entre a cópia e o original, eu sou o original dessas ideias”, defendeu.Entre as propostas que apresenta ao partido na sua moção de estratégia global - que tem como título “Um Partido e um País sem medo da liberdade dos outros” -, José Cardoso sugere a criação de um “liberalismo de proximidade”.O candidato referiu que essa proximidade não se trata de ser “populista” nem “popular” - numa alusão a João Cotrim Figueiredo, que justificou a saída da liderança por o partido precisar de ser “mais combativo” e “popular” -, mas “entender o que as pessoas precisam e ser capaz de lhes dar resposta”.“Eu defendo que a IL deve ser um partido de Governo e não um partido de protesto. Para ser um partido de Governo, tem de dar respostas aos problemas das pessoas e não vender-lhes sonhos que não sejam exequíveis ou populismos”, salientou.Para tal, em termos de objetivos eleitorais, o candidato desde já obter representação nas eleições regionais da Madeira, ainda este ano, e nas eleições europeias e regionais dos Açores, ambas em 2024.Questionado pelos jornalistas se considera que alianças com o Chega são uma “linha vermelha” para a IL se tornar esse partido de Governo, José Cardoso disse que não gosta de “ostracizar os eleitores dos outros partidos”, mas descartou qualquer entendimento com o partido liderado por André Ventura por razões ideológicas.“A IL baseia a sua ideia em factos e em ciência, não em populismo. Portanto, como é que vai governar com o Chega? Nós defendemos a liberdade individual das pessoas, o Chega ostraciza certos grupos de pessoas. (…) Há um mar, um oceano, entre a forma de fazer política dos dois partidos”, referiu.Na sua moção, José Cardoso deixa críticas implícitas à liderança de João Cotrim Figueiredo, indicando que a IL “deve ser um partido focado nos cidadãos e não no PS, como até agora” e concentrar-se “nos membros e não na Comissão Executiva, como até agora”.José Cardoso promete designadamente “rever o programa político” da IL e criar um Fórum Liberal Anual, com periodicidade anual, para congregar as "ideias novas" que os membros da IL têm e mostrá-las ao exterior."O mundo ficava-nos a ver de forma diferente, podia participar connosco e perceber que nós não somos nem ‘queques’, nem os meninos ricos que querem baixar os impostos, dar a possibilidade de as pessoas virem pensar e virem pensar a política liberal", referiu.Na lista de nomes que propõe à Comissão Executiva do partido, só João Pereira - proposto para a vice-presidência - tem assento num órgão nacional da IL (Conselho Nacional), além de José Cardoso, que é também conselheiro nacional.